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A ignorância de Boechat sobre Cuba
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Há anos que não escutava a Band News, e o motivo ficará claro a seguir. Mas hoje não tive muita escolha, pois o taxista que me levou ao aeroporto já tinha optado por esta rádio e preferi deixar rolar, até para ver que tipo de coisa Ricardo Boechat tem defendido. De onde menos se espera é que não sai nada novo mesmo. Não é que o homem continua demonstrando clara simpatia pelo regime cubano?

Boechat, comentando sobre a aproximação histórica entre Estados Unidos e Cuba, graças ao esquerdista Obama, disse que já era tempo mesmo de acabar com o embargo. Até aí, tudo bem: muitos liberais defendem a mesma coisa. Mas por motivos bem diferentes, e eis o cerne da questão.

Em primeiro lugar, Boechat atribui ao embargo a condição de carência na ilha caribenha. Ignora, assim, que o verdadeiro culpado é o próprio socialismo, pelo qual ele não esconde simpatia. Ora, Cuba é livre para negociar com o mundo todo, e os hotéis espanhóis e o uniforme Adidas do ditador comprovam isso. Qualquer estrangeiro pode fazer turismo lá também. Só os americanos estão impedidos.

Logo, responsabilizar o embargo americano pela miséria cubana é afirmar que o consumismo burguês dos ianques é a única forma de enriquecer um país, uma declaração que, convenhamos, os socialistas que chamam tal consumismo de “exploração” não parecem prontos para endossar. Os socialistas precisam se decidir se a globalização liderada pelos Estados Unidos é boa ou ruim, se é o caminho do progresso ou uma exploração.

Em segundo lugar, Boechat garantiu aos ouvintes que a inclusão de Cuba na lista de apoio ao terrorismo foi uma completa “besteira”, um pretexto americano nos tempos da Guerra Fria, sem base factual alguma. Santa ignorância, Batman! Será que Boechat nunca ouviu falar em Chacal, o conhecido terrorista internacional que foi treinado e abrigado em Cuba? Será que não sabe que a ditadura serviu de campo de treinamento para inúmeros terroristas, como um hub para tráfico de armas e tudo? E que o próprio Fidel e seu irmão Raúl consideraram seriamente a hipótese de usar os mísseis soviéticos contra os Estados Unidos?

Tentando, de forma patética, aliviar a barra dos terroristas latino-americanos de esquerda, Boechat disse que os grupos revolucionários daqueles tempos não tinham nada a ver com o terrorismo atual, ligado basicamente ao fundamentalismo islâmico. Ora, Boechat parece ignorar que o comunismo também era um tipo de fundamentalismo religioso, só que de uma “religião laica”, ou secular, cujo Deus era o Estado, instrumento da “ditadura do proletariado”.

Terrorismo é terrorismo, ora bolas! E não resta dúvida de que os grupos revolucionários comunistas praticaram – e alguns ainda praticam – atos terroristas, sob a justificativa de que seus “nobres fins” justificam tais meios nefastos (a mesma desculpa esfarrapada, diga-se de passagem, dos malucos com turbantes). Para Boeacht, pelo visto, há o terrorismo condenável e o “terrorismo do bem”, aquele que se absolve pelo contexto da Guerra Fria.

Por fim, Boeacht afirmou ter “certeza” de que, se mudanças políticas são mesmo desejáveis em Cuba (algo que ele não necessariamente concorda), então o embargo deveria terminar mesmo, pela lógica dos americanos, uma vez que a melhoria econômica seria vantajosa para tais mudanças. Por quê? Não sabemos, e Boechat não diz. Para ele, com os cubanos melhorando de vida, eles poderão decidir melhor os rumos políticos de seu país. Será que Boechat ignora que há uma ditadura opressora em Cuba? Será que ele não sabe que os cubanos não têm voz nos rumos de seu país, pois são tratados como escravos pelo regime?

Em suma, há muita coisa que Boechat ignora sobre Cuba. Como, aliás, muitos jornalistas e “intelectuais” brasileiros. O motivo, sabemos: as emoções turvam a razão, e Cuba representou, para toda uma geração utópica, o sonho igualitário de “justiça social”. Contra tal crença dogmática os fatos não podem muito. É assim que um psicopata assassino como Fidel Castro ainda consegue despertar suspiros e elogios por seu “humanismo”, enquanto os “malditos ianques”, que sempre preservaram amplo grau de liberdade individual, são sempre condenados. Ainda que seu consumismo burguês seja, na prática, demandado e visto como tábua de salvação para a miséria produzida pelo socialismo igualitário.

Rodrigo Constantino

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