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As babás uniformizadas, o rigor do traje e a propriedade privada
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Virou polêmica a questão das babás não uniformizadas em clubes privados no Rio de Janeiro. A ONG Educafro, do Frei David Santos, entrou na Justiça para proibir essa “discriminação”, e recentemente obteve sucesso. Clubes que não permitirem a entrada de babás sem uniforme serão multados. A medida é absurda sob vários aspectos.

Em primeiro lugar, e o mais importante deles, o clube é uma entidade particular, com sócios que voluntariamente compram seus títulos. Cada um tem suas regras, seus códigos, inclusive de vestimenta. Ninguém tem nada com isso. Quando o estado invade essa propriedade privada para regular, de cima para baixo, sobre as regras de trajes, está flexibilizando o fundamental conceito de propriedade privada. É uma intervenção indevida.

Em segundo lugar, onde está a discriminação? Para mim, na cabeça daqueles que pensam que há discriminação só porque a roupa branca padronizada identifica a função de babá. Por acaso há algum demérito na profissão? Então por que seria preconceito exigir traje específico para diferenciar as empregadas dos proprietários do clube? O garçom não usa uniforme também? E o servente?

Ser uma babá ou enfermeira de um idoso não é em nada degradante. É uma profissão louvável, como várias outras. No hospital, as enfermeiras estão uniformizadas. Qual o problema de usarem uniformes nos clubes particulares? Exigir tratamento “igualitário” entre funcionários e proprietários não é justiça; é demagogia pura, que fere a liberdade dos proprietários.

Na minha casa, o meu “castelo”, quem decide sobre as roupas sou eu. Se eu quiser aceitar a empregada trabalhando com qualquer roupa de sua preferência, esse é um direito meu. Assim como é dela o direito de aceitar ou não trabalhar para mim dentro das minhas condições, inclusive a exigência de uso de uniforme. É ridículo o estado decidir sobre isso.

No mais, vamos pensar em uma situação hipotética que pode ocorrer com essa decisão. Um clube particular com famílias reunidas em volta da piscina e, de repente, uma babá chega com uma criança, usando um shortinho daqueles, bem apertado, no melhor estilo popozuda. Depois, tira o short e mergulha na piscina de fio dental. Alguém acha, realmente, que os proprietários do clube não devem ter o direito de impedir isso por meio de suas convenções internas? Deve o estado se intrometer no assunto?

Trajes têm sua importância. Já falei sobre isso aqui, gerando a revolta de muitos admiradores de Mujica, que não compreenderam a simbologia no gesto de usar sandálias de forma desleixada em um evento oficial sério, demonstrando descaso para com seu ministro e as instituições que representa.

Hoje, por acaso, tem um artigo bom na mesma linha publicado no GLOBO, do desembargador Benedicto Abicair. Defende a relevância dos trajes estarem de acordo com as ocasiões, como sinal de respeito à importância do evento. E termina com essa constatação perfeita: “Quem gosta de excentricidade é rico, que adora brincar de pobre, pois este gosta de vestir-se bem, mas nem sempre pode”. Bingo!

Voltando ao tema original, para uma babá ou enfermeira, vestir-se bem em um clube particular, em horário de trabalho, sem dúvida significa utilizar trajes brancos convencionais, e não as roupas que bem desejarem, como se estivessem de folga em seus próprios clubes. Muitas babás entendem isso. Frei David Santos, que é esquerda caviar, é quem acha que isso representa discriminação ou humilhação. O preconceito está em quem mesmo?

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