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Game over, fatality, nocaute, ippon: diferentes formas de dizer a mesma coisa: o PT acabou!
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Não é hora de espinafrar os velhos petistas, de rir deles, de pisar na ferida. É hora de acolher todos aqueles que, finalmente, enxergaram o que é o PT. Fato: levaram uma eternidade! Algo como o escritor Saramago, que rompeu com a ditadura cubana depois de várias décadas de paredão e escravidão. Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?

Não é digno da vitória aquele que humilha o adversário derrotado. É nobre estender a mão e aceitar seu humilde reconhecimento de que esteve, esse tempo todo, defendendo um embuste, um engodo, uma quadrilha disfarçada de partido dos trabalhadores!

Claro, partindo da premissa de que o arrependimento é sincero e o aprendizado, real. Não vale acordar para o que é o verdadeiro PT e depois defender… o PSOL! Aí merece ser ridicularizado mesmo. Também não vale pular do barco afundando só por oportunismo, como fazem os ratos. É preciso efetivamente abrir os olhos para a estupidez passada, de forma a não repeti-la.

Dois textos hoje capturam bem esse diagnóstico de que o PT acabou mesmo: só falta o atestado de óbito. O primeiro deles de Nelson Motta, que sempre foi boa praça, que não tem o perfil de um “reacionário” para ser rotulado dessa forma pelos petistas. Motta é tão gente fina que consegue até ter amigos comunistas e petistas. Eu confesso ser mais exigente com meus potenciais amigos, mas respeito a enorme tolerância dele, que deu o seguinte recado a esses “camaradas”:

Petistas inteligentes e informados sabem que o sonho acabou, game over, zé fini, não por uma conspiração da CIA, dos coxinhas ou da imprensa golpista, mas pelos seus próprios erros, pelo baixo nível e alta voracidade dos seus quadros, pela ganância e incompetência que nos levaram ao lodaçal onde chafurdamos.

É triste, amigos petistas, o sonho virou pesadelo, mas não foi a direita que venceu, foi o partido que se perdeu. O medo está dando de 7 a 1 na esperança.

Há controvérsias se existe petista inteligente, assumindo se tratar de alguém honesto. Normalmente o petista ou é uma coisa, ou outra, quase nunca as duas simultaneamente. Mas o recado está claro: acabou a farsa, o sonho, que era, afinal, um sonho terrível, uma crença desprovida de embasamento. Quem acreditou no PT foi enganado e se deixou enganar, quis acreditar em algo claramente equivocado.

O segundo texto é de Tati Bernardi, na Folha. Petista assumida, filha de petistas históricos, ela relata de forma engraçada e elegante a impossibilidade de continuar defendendo o indefensável, e conclui:

Está cada dia mais difícil responder “mas tanto foi feito pelos pobres” a cada 765 motivos para deixar de ser petista. Zé Dirceu armou o maior esquema de propina da história e mesmo depois de ser pego, armou de novo! Mas tanto foi feito pelos pobres! Os discursos da Dilma nunca falam com clareza sobre pedaladas fiscais e Petrolão! Mas tanto foi feito pelos pobres! Daí tento “mas nunca em um governo se colocou tanto bandido na cadeia! É a democracia!”. Mas Dilma foi uma péssima gestora, olha como está o dólar, a inflação, o desemprego, os cortes na educação, na saúde, na grana dos aposentados! Mas nunca em um governo se colocou tanto bandido…Mas os bandidos estavam mancomunados com o PT ou, em grande parte, ERAM do PT. Mas nunca em… É… Veja bem… Que tristeza tudo isso. 

Não acho triste, ao contrário dela. Acho saudável e alvissareiro: o Brasil talvez precisasse mesmo passar por uma fase sombria sob o governo petista para acordar para a verdadeira alma do PT em particular e da esquerda radical em geral. Alguns no passado diziam isso: esse povo só vai enxergar o que é o petismo quando tiver um governo petista. O problema é que o preço foi alto demais, o custo foi e está sendo insuportável. Mas ao menos há essa vantagem: o partido murchou, está se esvaziando, implodindo.

À exceção de umas figurinhas de sempre, que jamais vão largar o osso, cada vez mais gente desembarca da canoa furada e admite que o PT não passou de uma ilusão. Alguns desconversam, falam de poesia, do clima, de futebol, tudo para evitar o assunto político e ter de admitir que fizeram papel de idiotas em outubro passado – e por 13 anos! Mas a maioria sai do armário e faz um mea culpa, nem que seja para não ir contra 70% dos brasileiros.

E o que restou ao PT: contar com Zé de Abreu em seu papel mais canastrão, como disse Reinaldo Azevedo, para defendê-lo. É só isso que resta. Juntar umas figuras decadentes como Barretão, agora no radar da Polícia Federal por ter recebido R$ 238 mil da empresa de Dirceu, Jô Soares, com audiência em queda livre, Verissimo, o “engraçadinho” bajulador de ditadores, e simular uma reação patética ao inevitável destino. Até Chico Buarque anda meio sumido, talvez com alguma vergonha na cara, se possível.

É verdade que esse moribundo partido ainda está no poder, controlando milhares de cargos e bilhões do nosso dinheiro. Sua capacidade de estrago ainda é grande, nada desprezível. Mas agora é questão de tempo, e também de luta. Não podemos contar apenas com a desmoralização petista, claro. É preciso se engajar para tirar de lá essa corja. Não dá para contar com um suposto resquício de dignidade em Dilma para uma renúncia, por exemplo. Não! É preciso agir para jogar a pá de cal de uma vez nesse pesadelo que é o PT. Dia 16 vem aí…

Rodrigo Constantino

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