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Banda fiscal toca música da irresponsabilidade
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Deu no GLOBO que a meta fiscal poderá ser definida em bandas, como ocorre com a inflação. Ironicamente, a ideia partiu pelo objetivo de resgatar a credibilidade do governo:

Preocupada em recuperar a credibilidade da política fiscal, a equipe econômica estuda formas de mostrar ao mercado financeiro seu compromisso com a realização de um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) realista e suficiente para manter a trajetória de queda do nível de endividamento do país. Uma proposta em discussão no governo, endossada por importantes conselheiros da presidente Dilma Rousseff, é a adoção de “bandas” para o superávit. Isso significa que o esforço fiscal passaria a ter um limite de tolerância para acomodar bons e maus momentos da economia, assim como já ocorre hoje com a inflação.

A tese é defendida por Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos economistas mais ouvidos pela presidente Dilma. Talvez a presidente devesse se dar conta de que escutou, por tempo demais, as pessoas erradas. É gostar muito de insistir no erro mesmo.

A perda de credibilidade não é resultado apenas da redução do superávit fiscal, mas também e principalmente pelas maquiagens contábeis na tentativa de ludibriar o mercado. Tais malabarismos primários, dignos não de um David Coperfield, mas de um mágico de festa infantil, geraram total desconfiança nos investidores, com razão.

De nada adianta criar bandas fiscais, até porque os agentes do mercado sabem que o governo, na prática, não vai mirar no centro da meta. A analogia com a inflação é inevitável. A meta, que já é elevada para padrões internacionais, nunca foi atingida pelo governo.

O centro da meta é 4,5%, com margem de dois pontos para cima e para baixo em casos extraordinários, ou seja, esporádicos, temporários. E qual é a inflação oficial dos últimos 36 meses? 6% ao ano, perto do topo da banda. Isso mesmo com preços administrados congelados pelo governo, ou seja, maquiagem também.

A perda de credibilidade é decorrente das trapalhadas do governo, que simplesmente não acredita na importância desses pilares econômicos. Mexer na meta em si, criar bandas, praticar malabarismo contábil, tudo isso é diversionismo, não engana mais ninguém.

O governo quer resgatar a credibilidade perante o mercado? Então é melhor pedir as contas e sair, toda a equipe junta, incluindo a chefe. Pois com essa turma aí, não dá mais para confiar em nada.

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