Já disse antes, mas não canso de repetir: a baixa produtividade do trabalhador brasileiro é nosso maior calcanhar de Aquiles, nosso grande ponto fraco. Não é trivial medir a produtividade, mas uma forma simples e aproximada é dividir o produto total pela quantidade de pessoas economicamente ativas. Claro que é uma forma meio grosseira, não leva em conta nuanças, a informalidade, etc. Mas dá uma ideia de quanto cada trabalhador produz por ano. E o Brasil é o lanterna no ranking, abaixo até da Venezuela:
O Brasil está atrás não apenas dos países desenvolvidos, como da grande maioria de seus pares na América Latina. Só está melhor que a Bolívia. Em 2013, a produtividade do trabalho no Brasil correspondia a 17,2% daquela dos Estados Unidos, país considerado referência para o indicador. Na comparação com o México, a relação era de 52,6%, com a Argentina ficava em 58,91% e com a Venezuela, 68%.
O indicador — da organização americana The Conference Board e reunido pelo professor do Instituto de Economia da UFRJ João Saboia — reparte o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços) por pessoa ocupada. Ou seja, o tamanho da economia dividido por seus trabalhadores. Aumenta-se a produtividade quando se produz mais com a mesma quantidade de recursos — seja de máquinas e equipamentos ou pessoas.
Isso é especialmente importante no momento em que a população brasileira está envelhecendo, com menos gente entrando para a força de trabalho nos próximos anos. Assim, é preciso que os trabalhadores se tornem mais produtivos para manter o mesmo nível de produção.
As razões por trás dessa baixa produtividade são conhecidas: reduzido investimento, pois o governo consome 40% de tudo o que é produzido pela iniciativa privada, sobrando pouco para se investir; má qualidade da educação; infraestrutura capenga; leis trabalhistas obsoletas que engessam o mercado de trabalho e criam regalias irrealistas e insustentáveis.
Todos esses problemas acabam tendo ligação com o excesso de intervenção estatal na economia e o fardo de um governo perdulário para a iniciativa privada. No Brasil, os trabalhadores precisam superar inúmeros obstáculos criados pelo governo, que vai abocanhando significativa parcela do que é produzido. Os sindicatos fortes conseguem benefícios para alguns, mas à custa da produtividade geral. Quem efetivamente produz precisa carregar os demais nas costas.
Quando se soma o total produzido pela quantidade de trabalhadores, eis o resultado lamentável que temos: uma das menores taxas de produtividade do mundo. O salário, como sabem os economistas, depende desta produtividade. Não é possível aumentar salários indefinidamente sem o correspondente aumento da produtividade. Esse aumento se mostrará insustentável e inflacionário.
O Brasil precisa urgentemente de reformas liberais que aumentem o dinamismo do mercado de trabalho e reduzam o fardo do setor produtivo. Concomitante a isso, faz-se necessário investir na melhor qualificação da mão de obra, o que não é sinônimo de jogar mais recursos públicos em nosso modelo fracassado de ensino. É preciso ter um elo maior entre formação técnica e mercado, o que só é possível com menos ideologia e intervenção estatal.
A palavra-chave do nosso progresso, que deveria ser uma obsessão de todos, é justamente a produtividade. Sem aumentar o que é produzido por trabalhador brasileiro, o país não vai para a frente. Ao contrário: corre sérios riscos de continuar regredindo, como tem feito nos últimos anos de incompetência na gestão econômica e distribuição irresponsável de benesses estatais. Conseguir ser menos produtivo do que a Venezuela é mesmo um feito e tanto. Parabéns, PT!
Rodrigo Constantino
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