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O estado banqueiro
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O Banco do Brasil divulgou o resultado do segundo trimestre: um lucro de R$ 7,47 bilhões. À primeira vista, parece um ganho espetacular, acumulando R$ 10 bilhões de lucro no primeiro semestre. Mas há efeitos pontuais, como a venda de ativos, que influenciaram o valor final.

O resultado foi impulsionado pela venda de ações de sua área de previdência, seguros e capitalização, a BB Seguridade. O lucro líquido ajustado foi de R$ 2,63 bilhões, queda de 11,8% sobre o ganho do segundo trimestre de 2012, mas em linha com as previsões dos analistas consultados pela agência Reuters.

A carteira de crédito ampliada do banco encerrou junho em R$ 638,6 bilhões, expansão de 7,7% ante março e de 25,7% em 12 meses. Os destaques do período foram as carteiras pessoa jurídica e de agronegócios, que registraram aumentos em 12 meses de 28,8% e 32,8%, respectivamente. Ao final de junho, o BB ampliou sua liderança em crédito no sistema financeiro nacional, atingindo 20,8% de participação de mercado.

Esta rápida expansão da carteira de crédito do BB merece maior reflexão. Afinal, não se trata de um caso isolado: a Caixa Econômica Federal e o BNDES também vêm expandindo de forma bem agressiva a carteira de crédito, enquanto os grandes bancos privados pisaram no freio.

Será que a decisão é econômica? Não parece ser o caso. O governo Dilma pressionou abertamente esses bancos a concederem mais crédito para estimular a economia. Portanto, tudo indica que são escolhas políticas. O risco é fomentar uma bolha creditícia no país, com a inadimplência estourando à frente.

Não podemos esquecer que nos Estados Unidos foram justamente as paraestatais Fannie Mae e Freddie Mac que alimentaram a bolha de subprime, sob forte pressão da Casa Branca. Muitos acusaram o mercado pela crise, ignorando as impressões digitais do governo em todas as cenas do crime. Quem vigia o vigia?

De olho apenas nas eleições, o governo acaba relaxando o rigor da análise de crédito, mirando somente no curto prazo. Quando temos um governo banqueiro, esse é um risco nada desprezível. O crédito passa a seguir critérios políticos, não econômicos. Basta ver o grau de alavancagem do BB vis-à-vis seus dois concorrentes do setor privado:

A carteira de crédito do BB, como podemos ver na tabela acima, é o dobro da do Itaú e do Bradesco, quando ajustada para o tamanho de seu patrimônio líquido. Já a magnitude total dos ativos do banco estatal em relação ao seu valor de mercado é o triplo daquela nos bancos privados. Em outras palavras, o Banco do Brasil é muito agressivo na concessão de crédito.

Será que os brasileiros deveriam celebrar os resultados de curto prazo dessa expansão de crédito? Ou será que eles deveriam ficar alertas aos riscos futuros desse crescimento acelerado? Os bancos públicos, sob o comando do governo, podem estar plantando as sementes de sérios problemas. A experiência recomenda cautela.

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