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O mensalão é diferente de corrupção
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Tudo começou lá atrás, ainda em 2005, no auge do escândalo do mensalão, quando o então presidente Lula concedeu entrevista ao Jornal Nacional para admitir os erros do partido. E quais eram estes? Uma quadrilha montada para comprar votos e destruir a democracia? Nem pensar. Era basicamente ter feito aquilo que sempre foi feito no Brasil: caixa dois.

Desde então a tese de “malfeitos” que são tradição no Brasil tem sido disseminada pelos petistas e seus acólitos. O PT saiu de “partido da ética” para “tão ruim quanto os demais”. A defesa dos petistas foi alegar que não eram diferentes dos demais. Já seria patético, devido a toda história arrogante de monopolizar a ética. Mas é falso!

O mensalão não foi “apenas” corrupção. Não tem nada a ver com uma obra superfaturada, com um político que aceita propina de um cartel para fechar um acordo prejudicial aos “contribuintes”. Em suma, o mensalão não foi um caso simples de desvio de recursos; foi um esquema golpista de uma quadrilha que desejava destruir os pilares democráticos do país.

Isso foi reconhecido por boa parte do próprio STF durante o julgamento. Mas eis que, agora, o novo ministro Luís Roberto Barroso resgata a tese de “corrupção tradicional” do país, culpando o sistema e clamando por reformas políticas. O mesmo discurso feito por Lula lá atrás.

Para piorar, o ministro endossou outra falácia repetida ad nauseam pelos petistas: a de que os infindáveis escândalos de corrupção que vêm à tona sem parar se devem a mais investigação, apenas isso. Ou seja, lemos todos os dias sobre casos incessantes de corrupção porque a investigação funciona melhor sob o governo do PT. Uma piada de muito mau gosto.

Só que alguns jornalistas, sempre preparados para defender o PT, saíram logo em defesa de Barroso, aplaudindo sua fala. Foi o caso de Eliane Cantanhêde, na Folha:

Começou bem a segunda fase do julgamento do mensalão, num momento em que o caso Siemens ainda está só esquentando.

“Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção”, declarou em sua estreia no julgamento o novo ministro Luís Roberto Barroso, infenso à polarização infernal entre petistas e tucanos.

Opinou e ensinou mais: o mensalão não foi o maior escândalo da história, apenas o mais investigado, e será em vão punir os atuais réus sem fazer uma reforma política, porque tudo vai continuar na mesma.

É impossível discordar do ministro, e o PT não tem o direito de comemorar nem o PSDB de lamentar.

O fato de o mensalão não ser o maior escândalo da história, como opina Barroso, não significa que não tenha existido, que seja irrelevante e que não tenha sido lesivo para quem realmente interessa: a sociedade brasileira. Se os outros fazem, isso não dá direito ao PT de fazer também.

Impossível discordar do ministro? Eu discordo! E tantos outros. O mensalão foi diferente sim! Não dá para compara-lo a “trensalão” ou algo do tipo. É comparar alho com bugalho.

Kennedy Alencar, na rádio CBN, também aplaudiu a estreia de Barroso. Disse ainda que precisamos lembrar que o julgamento do mensalão foi “rápido para os padrões brasileiros”, e por isso ele defende os embargos infringentes, uma garantia para todos nós, cidadãos brasileiros.

Como se pode ver, o trabalho de relativizar o que foi o mensalão voltou com tudo, e há uma tropa de choque disposta a espalhar o mito de que toda corrupção é igual, que o mensalão foi apenas mais um caso entre tantos, e que foi apenas mais investigado que os demais.

Não! Ao menos aqui continuaremos colocando os pingos nos is e chamando quadrilha de quadrilha, golpe de golpe.

 

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