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O problema não é a polarização entre PT e PSDB, mas os cinqüenta tons de vermelho
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Muitos estão celebrando a coligação entre Marina Silva e Eduardo Campos por acabar com a polarização entre PT e PSDB. O editorial do GLOBO foi nessa linha, entre outros. Mas será que faz mesmo sentido comemorar o fim da polarização em si?

Nos Estados Unidos a política vive polarizada entre Democratas e Republicanos há décadas, e nem por isso a democracia acabou. Na verdade, o mais importante é ter uma oposição efetiva, que valha o nome. E isso costuma acontecer lá, como temos visto esses dias, apesar da demonização que a imprensa faz dos Republicanos.

Meu maior problema não é com a polarização entre PT e PSDB, e sim com o fato de que os tucanos não fazem oposição de verdade, não representam uma alternativa ideológica muito convincente. Eis o principal problema, que a nova coligação ecológico-socialista (?!) não resolve.

Se o Brasil tivesse uma oposição de direita, com bandeiras claras a favor da privatização, da redução do escopo do governo, da flexibilização das leis trabalhistas, da abertura comercial, do fim dos subsídios estatais, da liberdade econômica, das liberdades individuais, então a polarização não seria um problema de fato.

Muitos têm reclamado justamente da enorme quantidade de partidos – mais de 30 – que não representam base programática alguma. Se cada linha ideológica com suas nuanças tiver que ser representada por um partido, teremos cem partidos! E uma democracia inviável.

Afunilar o espectro político para dois ou três partidos é a tendência nos países desenvolvidos. A polarização entre esquerda e direita, ainda que imperfeita e limitada (como dois rótulos apenas podem abrigar tantas ideias diferentes?), não é o grande problema da democracia.

O problema, o verdadeiro câncer, é quando as opções são todas variações do mesmo tom, cinqüenta tons de vermelho. O grande mal de nossa política hoje é a hegemonia de esquerda. Está claro que o PSDB é mais light, uma esquerda mais civilizada, europeia. Mas ainda assim é esquerda.

O que precisamos, portanto, não é acabar com a polarização, e sim criar uma alternativa concreta de direita. Isso, infelizmente, ainda não ocorrerá em 2014. Quem sabe em 2018…

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