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Farmácia localizada no Santa Cândida tem sido vítima de uma média de 17 assaltos por mês. Os casos se tornaram tão banais que os funcionários parecem ter se acostumado à violência | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Farmácia localizada no Santa Cândida tem sido vítima de uma média de 17 assaltos por mês. Os casos se tornaram tão banais que os funcionários parecem ter se acostumado à violência| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Um dos principais indicadores que interferem na sensação de segurança da sociedade, o número de assaltos à mão armada avançou em 40 bairros de Curitiba (53,5% do total) no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2014. Apesar de o número absoluto de roubos ter aumentado apenas 3% na cidade, alguns bairros – como Juvevê, Santa Cândida, Bacacheri e Fazendinha – viram o índice explodir. Levantados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) a pedido da Gazeta do Povo, os dados levam em conta apenas os casos registrados oficialmente, em boletins de ocorrência.

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No total, Curitiba somou 7.419 assaltos nos três primeiros meses de 2015: uma média de 81 pessoas roubadas por dia ou sete casos a cada duas horas. O mapa revela que os aumentos se concentraram nas regiões Norte e Sul, mas também atingiram áreas consideradas nobres. O Centro Cívico, por exemplo, teve 91 assaltos (aumento de 62,5%); o Ahú registrou 66 casos (alta de 88,6%); e São Lourenço contabilizou 56 roubos (93,1%).

Furtos recuaram em 75% dos bairros

Enquanto o índice de assaltos aumentou no primeiro trimestre deste ano, o número de furtos – casos que não envolvem violência ou ameaça – diminuiu em 50 bairros de Curitiba (75% do total). Em valores absolutos, o Centro foi o bairro que mais registrou casos: 1.697. Ainda assim, o recuo foi de 29%. Outras quedas significativas foram verificadas no Alto da XV (40%), Boa Vista (35%), Tarumã (39%) e Jardim Botânico (23%).

Em contrapartida, os índices recuaram principalmente na região central – Centro, Batel, Água Verde e Alto da XV – e em alguns bairros mais afastados – como CIC, Cajuru e Xaxim – marcados por terem um alto volume de roubos. No entanto, mesmo nas áreas em que houve recuo, a repetição dos casos preocupa, porque esse tipo de crime está diretamente relacionado à percepção que as pessoas têm da segurança.

“Os roubos e furtos são os crimes que mais acontecem e os que têm menor chance de ter uma resposta por parte das forças de segurança. Nos últimos 15 anos, a polícia têm priorizado casos mais graves – como homicídio e tráfico de drogas – e negligenciado os assaltos e arrombamentos, considerando-os crimes menores. O Estado acaba jogando a responsabilidade destes para a sociedade civil”, analisou o sociólogo Cézar Bueno, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Um entrave às respostas do Estado aos casos é que os assaltos estão se multiplicando em um volume muito maior que a capacidade da polícia em investigá-los. O resultado é que a maioria das ocorrências fica impune. “O delegado nunca vai dar conta de investigar tudo o que chega. Então, ele acaba escolhendo. Escolhe o caso que vai ter mais chance de se chegar ao autor e o resto, infelizmente, fica de lado”, atesta um delegado que já foi titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba.

Com isso, multiplicam-se casos como o da farmácia localizada no Santa Cândida, que tem sido vítima de uma média de 17 assaltos por mês. Os casos se tornaram tão banais que os funcionários parecem ter se acostumado à violência. “Em cada assalto, a gente tem uma reação diferente. Não dá pra prever. Mas o que você vai fazer? A gente se acostuma e reza pra não acontecer nada. É um pavor”, disse uma balconista, que pediu para não ser identificada.

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