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A nova casa da costureira Margarida Vieira Carvalho e de Cornélio Ribeiro, zelador do prédio de 20 andares que desabou no Centro do Rio, estava quase pronta no Ceará. Os dois iriam retornar à terra natal após anos vivendo no Rio não fosse a tragédia que impediu que o sonho do casal fosse realizado. Durante o enterro de Margarida, que está sendo realizado neste sábado (28) no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, a amiga Socorro Vieira Chagas contou que a mudança já tinha data marcada e seria realizada em fevereiro.

"Toda vez que eles iam para o Ceará, os dois colocavam algo na casa nova. Em nossas últimas conversas, ela contou que a residência já tinha até móveis, e eles estavam muito felizes com a proximidade de voltar para a terra natal", afirma Socorro.

Socorro ressaltou também que Margarida, que tinha 55 anos, era uma pessoa muito prestativa e estava ajudando seu filho a ingressar no Exército. "Nos conhecemos desde o Ceará. Ela morava no sertão e eu na serra. O sonho do meu filho é ir para o Exército e ela estava vendo toda a documentação para ele. Era uma pessoa boníssima".

No enterro de Margarida Vieira, há pelo menos cinco amigas do tempo em que ela morava numa vila na Rua dos Inválidos, no Centro. A dona de casa Ilia dos Santos lembra que há 30 anos, Cornélio começou a namorar a futura mulher nessa vila. "Era uma pessoa muito trabalhadora e prestativa com todos os vizinhos. Me lembro dela costurando para fora, trabalhando numa papelaria e sempre simpática com os pedidos dos vizinhos".

Margarida e Cornélio moravam na cobertura do edifício, no 20º andar. Ele trabalhava há 20 anos no endereço da Avenida Treze de Maio. O casal estava na cobertura e se preparava para dormir quando ocorreu a tragédia. Margarida era natural da cidade de Hidrolândia, no interior do Ceará. Sandra Maria Ribeiro Lopes, de 40 anos, filha de Cornélio, contou que, de manhã, ficou sabendo que haviam encontrado o corpo de um homem com o celular do seu pai no bolso. Ela foi em seguida fazer o reconhecimento da vítima no Instituto Médico-Legal (IML).

Na sexta-feira, sob uma chuva fina, Eunice Braga, acompanhada dos filhos Celso, de 17 anos, e Celciane, de 19, seguia em silêncio, amparada por amigos e parentes, o cortejo que levava à sepultura o corpo do administrador Celso Renato Braga Cabral Filho, de 44 anos. Muito abalada, Eunice parecia não acreditar que o marido tornava-se a primeira vítima da tragédia a ser enterrada. Na noite do desabamento, ele decidira fazer hora extra na sala da Tecnologia Organizacional (TO), onde acontecia uma obra, apontada como um dos possíveis fatores que contribuíram para a tragédia. Pelo menos 200 pessoas acompanharam o enterro de Celso, no Cemitério do Maruí, em Niterói. O pai do administrador, Celso Renato, contava que o filho não costumava reclamar por trabalhar demais, como aconteceu no dia da tragédia.

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