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Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira, está entre as cidades que têm as maiores necessidades no estado | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira, está entre as cidades que têm as maiores necessidades no estado| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Metodologia

Ipardes mudou método

No ano passado, para atingir o alto desenvolvimento, um município precisava alcançar média maior que 0,5777. Agora, precisa superar 0,8. Também houve exclusão de um critério de educação e substituição de outro patamar na área de renda e emprego. De acordo com o estatístico do Ipardes Sergio Aparecido Ignacio, o instituto tentou inovar, em um primeiro momento, não estabelecendo uma linha de corte e agrupando os municípios conforme sua homogeneidade. "Todo critério é muito subjetivo", explica. De acordo com Ignacio, a intenção do IPDM é monitorar o desenvolvimento do estado. "Com as outras avaliações, como o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH, baseado no Censo], era como se você batesse uma foto do estado em 2010 e outra em 2020. Nós pretendemos mostrar como se fosse um filme, com acompanhamento das mudanças", diz. Ignacio também não descarta novas mudanças no IPDM: "Ele pode sofrer melhorias. Temos a pretensão de incluir variáveis relacionadas ao meio ambiente", afirma.

  • Veja onde se encontram as cidades mais e menos desenvolvidas do Paraná

Entre 2002 e 2008, 13 municípios do Paraná registraram desenvolvimento negativo ou nulo nas áreas de renda, emprego, educação e saúde, segundo o Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM). O crescimento da maior parte dos municípios se deve especialmente à melhora na saúde e na educação. Por outro lado, cidades de menor porte sofreram para alavancar a geração de renda e criar empregos formais. A maior parte dos postos de trabalho surge em municípios de grande porte, caso de Curitiba, Londrina e Maringá, e em suas proximidades.E são essas as cidades com maior desenvolvimento no estado, além dos municípios de Lobato (Região Norte) e Douradina (No­roeste). Na outra ponta, onde se encontram as maiores necessidades, estão Doutor Ulysses e Cerro Azul, no Vale do Ribeira, Guara­queçaba, no Litoral, Laranjal, na região Central, e Itaperuçu, na região metropolitana de Curitiba. Mesmo as regiões mais pobres do estado apresentaram melhoria no desenvolvimento. "As políticas sociais puxaram o crescimento, especialmente em saúde e educação", esclarece Paulo Delgado, pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Para determinar os números do índice, o Ipardes estabeleceu critérios nas diferentes áreas. Em educação, foram considerados os dados de atendimento da educação infantil, ensino fundamental e médio; além do número de estudantes fora da escola, taxa de abandono e total de docentes com nível superior. Em saúde, o índice toma como base o atendimento básico, analisando as ações voltadas às gestantes e o número de óbitos por causas evitáveis de menores de 5 anos. O salário médio absoluto, taxa de crescimento da remuneração, índice de formalização e participação agropecuária foram os critérios usados para determinar o índice de desenvolvimento do município.

"Nós escolhemos indicadores nos quais os municípios possam intervir. Na saúde, isso representa a atenção básica, que depende da gestão local. Na educação, desconsideramos o ensino superior", explica Sergio Aparecido Ignácio, estatístico do Ipardes. Apesar de haver melhora na educação na maior parte dos municípios, Delgado considera que, ao menos um aspecto precisa ganhar atenção especial das prefeituras: a educação infantil. "Só 37% das crianças com menos de 5 anos estão nas creches. Mesmo tendo impulsionado o desenvolvimento, cada cidade precisa avaliar seus resultados", explica.

Com os resultados em mãos, o Ipardes espera auxiliar a pautar políticas públicas específicas de cada setor. Em geral, um município leva uma década para atingir um patamar mais elevado dentro do Índice. As classificações existentes são Baixo, Médio/Baixo, Médio e Alto.

Emprego

Os cem municípios mais desenvolvidos concentram 67% da população e 83,2% do mercado formal paranaense. Ou seja, a geração de empregos se concentra nas principais cidades e em municípios próximos. Professor de Economia da Escola de Negócios da PUCPR, Másimo Della Justina considera muito difícil a oferta de novos postos de trabalho no setor rural. "O emprego rural já está consolidado. Se a parte industrial de um município não se desenvolve, novos postos não serão formados", explica. A própria lógica do mercado favorece os municípios com maior infraestrutura. "Há mais folga para renunciar ou isentar empresas de tributos", diz.

Conforme Delgado, é preciso fazer uma ressalva quanto à geração de empregos no estado. "Pelos critérios, não é medida a população que atua no mercado informal, nem quem recebe bolsas do governo ou trabalhadores do campo aposentados", diz.

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Interatividade

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