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Num mesmo dia, o leitor Marcos Vieira encontrou duas construções que o deixaram na dúvida. A primeira foi o uso de "porque" em uma pergunta. A segunda foi o uso da palavra "destarte". O que significa e quando a usamos?

Vamos começar pelo "destarte", palavra que estabelece relação de causalidade (relação de causa e efeito entre duas orações). Pode­mos trocá-la por "assim sendo", "consequentemente", "as­­sim", "dessa maneira", "por isso". Exem­plo: "Eu estudei bastante, destarte estou tranquilo para o teste". Ou: "Eu estudei bastante; assim sendo (por isso), estou tranquilo para o teste".

Trata-se de palavra pouco produtiva nos registros cultos escritos da nossa língua. É ainda comum em textos de profissionais da área jurídica e praticamente extinta em textos jornalísticos e técnicos de modo geral.

Uma última informação: "destarte" formou-se das palavras "desta" + "arte" (desta arte).

Voltemos à primeira questão. É bem comum o uso de "porque" (e não "por que") em perguntas. Só recapitulando: "porque" introduz uma explicação, uma causa. Não interessa se temos uma pergunta ou uma afirmação – o uso é o mesmo. Exemplo: "Você não quer sair comigo porque sou feio?" Vejam: "Ela não quer sair comigo porque eu sou feio". Nas duas cons­­truções, "porque sou feio" veicula a causa da recusa da mocinha em sair comigo. A diferença é que na pergunta a causa é hipotética.

A essa altura o leitor deve ter notado que as palavras "porque" e "destarte" são mais parecidas (quanto ao sentido) do que desconfiamos à primeira vista. Vamos reescrever as duas frases de modo diferente, mas com o mesmo sentido: 1) Estou tranquilo PORQUE estudei bastante para o teste. 2) Eu sou feio, DESTARTE ela não quer sair comigo.

É isso aí.

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