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Do camarote VIP do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), transformou-se na noite da última quinta-feira justamente naquilo que a torcida do Flamengo mais gosta de provocar seus rivais, em especial o Vasco: um tremendo pé-frio. O deputado federal era um dos 67 mil flamenguistas na arena mais cara da Copa do Mundo de 2014 – reformada ao custo de R$ 1,5 bilhão – que assistiu à equipe carioca ser derrotada por 2 a 0 pelo Coritiba pelo Campeonato Brasileiro.

O azar de Cunha na partida em que o Rubro-Negro carioca tinha tudo para vencer o Coxa tem força para transformá-lo no Mick Jagger do futebol brasileiro. Não só dos rivais cariocas, mas também de qualquer clube que enfrente a equipe da Gávea (já pensou se isso tivesse acontecido na época do velho Maracanã, quantos bonecos do presidente da Câmara não apareceriam na geral só de zoação?).

Quem não se lembra das bolas foras do líder dos Rolling Stones nas Copas de 2010 e 2014? Bastava o cantor britânico declarar para qual seleção torceria e pimba!, o time perdia. Na semifinal do Mundial do ano passado, Jagger não escondeu a preferência pela seleção brasileira diante da Alemanha – afinal, ele tem um filho brasileiro, fruto do relacionamento com a apresentadora Luciana Gimenez.

Desde já, o presidente da Câmara dos Deputados é o pé-frio mais ilustre das arquibancadas brasileiras

Jagger estava no Mineirão no dia do 7 a 1, mas não assume totalmente a responsabilidade pelo desastre. O que é justo, diante do estado catatônico da equipe de Felipão na partida e o poder de fogo da artilharia germânica. “Posso ser culpado pelo primeiro gol, mas não pelos outros seis”, fez o mea culpa em tom de brincadeira o vocalista dos Stones ao jornal inglês The Sun após a partida.

Desde já, o presidente da Câmara dos Deputados, que jura ser flamenguista desde criança, é o pé-frio mais ilustre das arquibancadas brasileiras. Um papel que estava vago no país, porque de azarados dentro de campo o futebol brasileiro está cheio. Um dos mais ilustres, por sinal, vem do próprio Flamengo.

Zico, gênio do futebol, disputou três Copas do Mundo e não venceu nenhuma. Deixou o Mundial de 78, na Argentina, com a seleção brasileira autointitulada “campeã moral” por ser desclassificada sem nenhuma derrota. Em 82, na Espanha, tombou com a melhor geração de jogadores depois da máquina do tri em 70. Em 86, no México, perdeu o pênalti contra a França que poderia ter levado a seleção adiante.

Mas, sejamos justos, uma coisa é incontestável: com a camisa do Flamengo Zico passou muito, mas muito longe de ser um pé-frio. E colocar Eduardo Cunha no mesmo nível do Galinho de Quintino seria uma tremenda injustiça. Com o Flamengo e com o futebol brasileiro.

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