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Frankielen  Zampoli foi mantida  viva  por   123 dias após morte cerebral | Reprodução / Facebook
Frankielen Zampoli foi mantida viva por 123 dias após morte cerebral| Foto: Reprodução / Facebook

Um dos maiores desafios profissionais do médico Dalton Rivabem começou em 20 de outubro do ano passado. Naquele dia, a paciente Frankielen da Silva Zampoli, de 20 anos, foi diagnosticada com morte cerebral. A jovem, no entanto, estava grávida de gêmeos, em uma gestação de apenas nove semanas. Apesar do quadro irreversível da mulher, o médico decidiu manter os sinais vitais, na expectativa de salvar os bebês. E conseguiu. As crianças nasceram na última segunda-feira (20), no Hospital do Rocio, em Campo Largo, 123 dias depois da morte cerebral da mãe.

“Foi um caso sem precedentes. Nós fizemos uma pesquisa junto a comunidade médica e há 99% de chances de não ter existido outro caso de tanto sucesso como este”, disse o médico, responsável pela UTI do hospital. “Teve casos parecidos, mas nenhum tão extenso e com essas circunstâncias”, completou.

“Mesmo morta, ela gerou dois filhos. Vou fazer tudo pelas crianças”, diz pai de gêmeos

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Em Portugal, um episódio semelhante havia sido registrado no ano passado: uma mulher que estava grávida de quatro meses (17 semanas) foi mantida por 107 dias em um hospital, até que o bebê nascesse. O caso de Frankielen é considerado mais bem sucedido por conta dos riscos maiores: ela estava grávida filhos gêmeos, que eram embriões, quando a morte cerebral da mãe foi constatada.

“Além de ela ter sido mantida [com sinais vitais] por mais tempo, a gestação estava muito no início. Quando ela morreu, nós constatamos que os embriões tinham batimento. Então, enquanto houvesse batimentos, nós manteríamos os aparelhos ligados”, apontou o médico.

Apesar disso, no início, a própria equipe médica estava reticente quanto ao sucesso do desenvolvimento da gravidez. Rivabem passou a manter contato com o médico português Rui Moreno – que havia sido responsável pelo nascimento do bebê após 107 dias da morte da mãe, em Portugal. Mesmo à distância, o colega auxiliou, a partir da experiência semelhante que havia atendido.

“No início, nós, da equipe, não imaginávamos que a gravidez ia se desenvolver. Por ser uma gestação de pouco tempo, achamos que ia ter um abortamento espontâneo. Conforme o tempo foi passando, toda equipe foi tendo o sonho de levar a gravidez até o final, com o nascimento das crianças”, contou o médico.

Nascimento

Os bebês de Frankielen, no entanto, nasceram antes do programado. A ideia da equipe médica era levar a gestação até a 28ª semana. Na madrugada da última semana, na 27ª semana, os médicos foram surpreendidos pela queda de oxigenação e da pressão arterial do corpo de gestante. “Ela teve que ser levada às pressas ao centro-cirúrgico e foram feitas cesáreas de emergência”, disse Rivabem.

Não foi a única dificuldade. Ao longo dos 123 dias, houve várias intercorrências, que puderam ser controladas pela equipe do Hospital do Rocio. Frankielen era monitorada 24 horas dia, com realização de vários exames diários.

“Era um desafio a cada dia. Tínhamos que monitorar a pressão arterial, oxigenação, suporte nutricional e fazer toda a reposição hormonal, que era deficitária. Foi uma luta”, definiu Rivabem.

Além disso, a jovem teve acesso a outros cuidados, como seções de musicoterapia, em que as equipes cantavam para os bebês. Além da atenção da equipe, Rivabem atribui o sucesso do caso às condições de Frankielen, que era jovem e não tinha histórico de doenças graves. “Foi um caso muito diferente. Sensibilizou toda a equipe. Todos estavam empenhados e envolvidos”, disse o médico.

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