Uma antiga linha férrea de 32 quilômetros e que corta nove bairros, alguns dos mais populares de Paris, está sendo alvo de discussões para a instalação de um novo espaço público na capital francesa. Seria uma cópia melhorada do High Line de Nova York mas também trechos no nível da rua e abaixo, já que os franceses estão tentando conduzir o projeto de forma a não repetir os erros cometidos na megalópole norte-americana: hipervalorização dos imóveis do entorno e e aumento do custo de vida (característica do chamado processo de gentrificação), além de um período em que a parte de baixo do espaço ficou um tanto em segundo plano.
Chamada de Petite Ceinture (ou “pequeno cinturão), a ferrovia foi construída no século 19 no que, na época, era a linha de divisa de Paris. A última vez que foi usada foi ainda na década 1990, para transporte de cargas. Desde então, a maior parte dela (23 quilômetros) está inutilizada. Em Nova York, a linha férrea que deu lugar ao High Line, elevada 10 metros do chão, também estava sem uso há muito tempo e quase foi demolida em 1999.
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Isso só não aconteceu porque os moradores locais intervieram, criaram uma associação – Friends of The High Line , ou Amigos do High Line – e se propuseram a arrecadar dinheiro (mais de US$ 40 milhões) para transformar a ferrovia. Entre 2002 e 2003, o projeto foi ‘adotado’ pelo prefeito Michael Bloomberg e uma competição de ideias foi lançada com foco no espaço. Entre 2005 e 2006 o espaço foi efetivamente doado pela CSX Transportation, administradora da ferrovia, à cidade de Nova York e o projeto começou a deslanchar. Um primeiro trecho ficou pronto em 2009, e o segundo em 2011. Mas houve a adição de mais um trecho, no Rail Yards. O High Line como é hoje só ficou completo em 2014. Até hoje, mais de 90% dos recursos anuais que mantêm o High Line e as atividades de lazer, esportes e cultura que acontecem ali vem da associação de moradores.
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No caso de Paris, o projeto começou a ser conduzido em 2006 por meio de um protocolo de colaboração assinado pela prefeitura da cidade e a companhia férrea, RFF. Tudo motivado pelos próprios moradores e ativistas, que também criaram uma associação para acompanhar o processo: L”Association Sauvegarde Petite Ceinture (ASPCRF) . Uma consulta pública foi lançada recentemente para saber a opinião dos moradores da cidade e também de entidades sobre o assunto, e vários encontros/audiências públicas já foram realizados.
Abrangência
Além disso, desde o último dia 20 de julho, e enquanto o projeto não tomar sua forma definitiva, quatro trechos foram escolhidos para abrigar discussões e outras atividades voluntárias, como a instalação de jardins urbanos e a realização de workshops culturais: as proximidades da antiga estação da Villa Bel-Air (no 12.º arrondissement) , e as ruas Didot (14.º), de La Mare (20.º) e Petit (19.º). Na verdade, já há alguns anos, segundo o site CityFix Brasil, ligado à WRI Brasil, ONG dedicada ao desenvolvimento de soluções urbanas, a Petite Ceinture sido alvo de ações voluntárias de moradores, artistas e ativistas urbanos locais.
Como qualquer espaço público sem uso, algumas partes da linha desativada foram alvo, recentemente, de ocupações feitas por imigrantes e refugiados à espera de asilo na França. Talvez a ideia de começar a ocupar novamente o espaço antes mesmo de transformá-lo seja a grande sacada dos parisienses. É possível que dessa forma as possibilidade de uso do High Line de Paris fiquem mais claros e conduzam, de maneira mais acertada, o redesign da antiga ferrovia.
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Por ora, algumas das ideias levantadas pela prefeitura de Paris indicam que a Petite Ceinture pode significar, entre outras possibilidades, a criação de mais de 12 mil metros quadrados de jardins e da valorização da história e do patrimônio ferroviário e industrial da cidade. Em relação às estações, fala-se em transformar os espaços em galerias, cinemas, restaurantes e pontos de serviço público.
Saiba mais
sobre o projeto de transformação da Petite Ceinture em um novo espaço público de Paris no hotsite do projeto, no site da prefeitura de Paris e também no site da L”Association Sauvegarde Petite Ceinture (ASPCRF) , criada pelos moradores de Paris para revitalizar o lugar.
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