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 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo
| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal de Curitiba reacendeu o debate sobre os banheiros nas estações-tubo para uso de motoristas e cobradores. A proposta feita pelo vereador Rogério Campos (PSC) determina que as empresas que atendem o transporte público da cidade se tornem responsáveis por fornecer sanitários aos seus funcionários em todas as mais de 300 estações-tubo da capital.

Segundo Campos, trata-se de uma questão de dignidade. “São trabalhadores que têm de passar pelo constrangimento de deixar seu posto para usar o banheiro de um comércio ou correr ou para o meio do mato”, critica. “Isso quando é homem. Mas e quando estamos falando de uma mulher? A situação é ainda mais degradante”.

A reivindicação é antiga. Em 2013, outro vereador atentou para a questão e fez uma proposta semelhante. No caso, o projeto de Bruno Pessuti, também do PSC, propunha a construção de banheiros em 10% das estações. A estimativa feita na época era que cada sanitária custaria algo próximo a R$ 15 mil e a obra toda não passaria de R$ 1 milhão. O dinheiro, segundo proposto, viria do Fundo da Copa.

Quatro anos depois e às vésperas de outra Copa do Mundo, o projeto não avançou, nem mesmo após ter entrado na Justiça. Uma decisão da 14.ª Vara do Trabalho de Curitiba determinou que a Urbs e a Comec deveriam fornecer essas melhorias. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT-PR), que acompanha o caso desde então, a ação segue tramitando em segundo grau, mas sem trazer resultados práticos para motoristas e cobradores.

Ainda assim, a Urbs diz estar trabalhando para solucionar o problema. Por meio de nota, a empresa da prefeitura explica que seu departamento de projetos já está elaborando um protótipo de banheiro para testes e que isso deverá ser aplicado em novas estações de embarque e desembarque. No entanto, não há previsão para que isso aconteça — e tampouco atende às necessidades de quem trabalha nos tubos que já estão em operação.

Para esses casos, o órgão afirma que “coloca na tarifa uma quantidade de cobradores volantes para substituir os postos em estações mais afastadas ou de grande movimento durante o mínimo de 15 minutos em cada jornada”.

Ainda assim, isso parece estar longe de resolver o problema. Como aponta Campos, as paradas para ir ao banheiro afetam o funcionamento do sistema de transporte, principalmente quando o motorista precisa parar fora de um ponto para ir ao sanitário de alguma loja. Isso sem falar das questões de saúde e da própria imagem da cidade, como ele destaca. “Curitiba já foi exemplo de ser transporte de primeiro mundo e isso se perdeu. São detalhes que erguem a moral da cidade e o banheiro passa por isso. É algo que o turista percebe”, pontua.

Dentro da tarifa

Outro ponto delicado relacionado aos banheiros nas estações-tubo é que, desde 2015, a Urbs inseriu na tarifa-técnica o valor para a locação de banheiros químicos. E, mesmo com uma média de R$ 34 mil arrecadados todos os meses, as empresas abriram mão desse dinheiro sem fazer a adequação. De acordo com o Setransp, que representa as empresas, a decisão foi por considerar que a construção do mobiliário urbano é de administração e não das empresas, como propõe o vereador.

Mas o valor segue presente dentro da tarifa-técnica, como a própria Urbs confirma. O órgão explica que os valores que não foram aplicados serão descontados das empresas. O Setransp explicou, por meio de sua assessoria de imprensa,que já pediu a retirada desses valores e a retenção do que já foi repassado até então.

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