• Carregando...
Policiamento: em valor bruto, Paraná tem o segundo maior investimento do país | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Policiamento: em valor bruto, Paraná tem o segundo maior investimento do país| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Prefeitura ainda não investiu R$ 5 milhões

A prefeitura de Curitiba ainda não começou a aplicar os cerca de R$ 5,4 milhões recebidos do governo federal para investimento na área de segurança pública. Nove projetos apresentados pela prefeitura no ano passado foram aprovados dentro do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, totalizando R$ 5.466.313,70. Segundo a assessoria da prefeitura, a expectativa é concluir as licitações e os pregões eletrônicos para a implantação dos programas até outubro ou novembro deste ano.

Leia a matéria completa

  • Confira o investimento per capita em outros estados

O Paraná amarga a 21ª posição no ranking dos estados brasileiros que mais investem em segurança pública por habitante: são R$ 108,90 para cada cidadão paranaense, enquanto Minas Gerais, por exemplo, investe R$ 349,48 por pessoa. Os dados, de 2008, foram divulgados na quarta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "Nos últimos três anuários percebemos que os estados que investiram mais conseguiram reduzir a taxa de homicídios", afirma Adriana Taets, assistente de pesquisa dos projetos do Fórum. "É claro que não é uma regra, até porque depende muito da qualidade dos investimentos", diz.

Outros dois fatores marcaram negativamente o Paraná na pesquisa: o primeiro é a falta da divulgação de 13 itens pedidos pelo Fórum (veja nesta página) – o que indica falta de transparência nos dados; o segundo é que o estado aparece com um alto índice de homicídios dolosos – são 26,7 para cada 100 mil habitantes, fator que pôs o Paraná em oitavo na lista dos mais violentos.

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, afirmou em nota que o cálculo dos investimentos por habitantes não tem sentido. "Você não compra uma viatura ou uma arma para cada cidadão. Em segurança pública, você mede o investimento em sistemas eficazes de combate à criminalidade. O Distrito Federal, por exemplo, aparece com um crescimento de 80% nos investimentos de 2007 para 2008. Só que eles investiram R$ 146 milhões enquanto nós investimos dez vezes mais, R$ 1,1 bilhão. Não há o que discutir, o Paraná é um dos que mais investe na área." A Secretaria da Segurança (Sesp) disse ainda que o orçamento do estado, em valor real bruto, é um dos melhores do Brasil. Foi o segundo estado brasileiro que mais investiu em policiamento e o sexto que mais gastou em segurança pública.

Caixa-preta

A falta de transparência nos dados da segurança pública, de um modo geral, é um problema grave no Brasil. "Se ainda existem estados que não divulgam todos os dados, é porque a caixa-preta continua. Estamos há 20 anos em um regime de democracia, os dados públicos são um direito do cidadão", afirma o professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Misse.

A Sesp afirma que os dados de 2007 não foram repassados porque não houve solicitação. Já sobre a falta de divulgação de vários índices (suicídios, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e mortes a esclarecer), a secretaria disse que o geoprocessamento não separa esses dados. Sobre outras duas informações não fornecidas pelo governo paranaense (número de policiais mortos em serviço e quantidade de pessoas mortas em confronto com a polícia), a secretaria explicou que esses dados serão disponibilizados em breve.

Violência

No Paraná, aconteceram 26,7 homicídios a cada 100 mil habitantes no ano passado. O número coloca o estado entre os dez mais violentos do Brasil. Sobre a alta taxa de homicídios no Paraná, por e-mail, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que "estabelecer este ranking é um equívoco porque mecanismos de coleta, tecnologias e tipificações diferentes não têm como ser comparadas." Disse ainda que o próprio Fórum defende a implantação de um sistema nacional de dados porque o atual ainda é frágil. A reportagem solicitou uma entrevista com o secretário, mas obteve apenas resposta da assessoria de imprensa, por e-mail.

Avaliação

Para o professor Valter Cardoso da Silva, do Núcleo de Violência da Universidade Federal do Paraná, mais importante do que discutir números é questionar os governantes sobre as políticas de proteção e prevenção. "Falam em número de investimentos em policiamento, compra de viaturas. Isso parece mais uma prática eleitoreira que qualquer outra coisa", diz.

O sociólogo Misse, da UFRJ, acredita que não é possível estabelecer uma relação direta entre violência e orçamento porque os crimes são causados por vários fatores diferentes. Os números, porém, servem para se ter um parâmetro. "Torna-se um desafio compreender o que leva um estado a ter um índice maior de violência, até porque nem todas as secretarias de segurança estão dispostas a falar sobre isso. Não é só o aumento nos investimentos, porque a população pode ter diminuído no mesmo período."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]