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Rebelião em Piraquara começou às 7h45 de terça-feira (16) | Feliphe Aires/ Polícia Militar do Paraná
Rebelião em Piraquara começou às 7h45 de terça-feira (16)| Foto: Feliphe Aires/ Polícia Militar do Paraná

Agentes penitenciários marcam greve para o fim do mês

Agentes penitenciários do Paraná decidiram que vão deflagrar greve geral no dia 29 de setembro. A definição de interromper os serviços por tempo indeterminado veio de assembleia organizada pelo sindicato da categoria (Sindarspen) na manhã desta quarta-feira (17). O encontro ocorreu na Praça Nossa Senhora da Salete, próximo à sede do governo do estado, ao mesmo tempo em que dois trabalhadores são mantidos reféns na segunda rebelião na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II) em menos de uma semana.

Leia matéria completa.

  • Rebelião na Penitenciária Estadual de Piraquara II
  • Cerca de 60 presos se rebelaram ontem, em Piraquara, pedindo mais segurança
  • No início da noite, fim do motim continuava sem previsão de ocorrer, segundo órgãos que negociam com presos
  • Piraquara abriga o maior complexo penitenciário do estado do Paraná
  • Rebelião na Penitenciária Estadual de Piraquara II
  • Na noite de terça (16), negociações foram suspensas. Conversas foram retomadas na manhã desta quarta
  • Estrutura usada na Copa do Mundo ajuda no monitoramento de rebeleião na PEP II

As negociações com os cerca de 60 presos rebelados na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na região metropolitana de Curitiba, foram retomadas às 7h20 desta quarta-feira (17). O processo que pode acabar com o motim está sendo conduzido pela Polícia Militar (PM) e chegou a ser suspenso na noite desta terça (16). Desde o início da rebelião, dois agentes penitenciários são mantidos como reféns. Por volta das 11h20, a PM disse que a resolução dos impasses, que já se arrastam por mais de 30 horas, está entrando em reta final.

Veja fotos da rebelião da PEP IIAté esta terça-feira, o principal motivo da revolta era o medo que os presos rebelados têm de detentos de uma facção rival. Ao longo das conversas, os amotinados chegaram a pedir a construção de um muro para dividir a PEP II ao meio, solicitação que foi rechaçada pelo governo do estado. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) e a PM.

Apesar de as autoridades não acatarem o pedido da construção do muro, as grades que já separam as galerias "rivais" foram reforçadas - já que ficaram fragilizadas depois da última rebelião da unidade, na sexta-feira passada (12). Os trabalhos de reforço terminaram nesta manhã, mas, mesmo assim, os preso continuam a manter o motim.

A Seju como o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindarspen) informaram no meio de manhã que não sabiam o motivo pelo qual os presos ainda seguem com o motim, que ocorre no terceiro bloco da penitenciária, o mesmo onde aconteceu a rebelião da semana passada.

O porta-voz da PM, o major Adonis Nobor Furuushi, que acompanha o desenrolar das ações na PEP II, disse aos jornalistas que a pauta dos detentos é "muito dinâmica", e que, mesmo com a situação da divisão resolvida, agora os presos aguardam pelo resultado de outras solicitações, que não podem ser divulgadas por questões de segurança. Os pedidos estariam relacionados com aspectos administrativos da unidade. Por volta das 11h30, a PM informou também que as negociações já se encaminhavam para a reta final.

O motim, que toma conta das galerias 9 e 10, começou na hora da entrega do café da manhã, na 9ª galeria. Os presos conseguiram abrir algumas das celas e detiveram os agentes quando esses entraram para entregar as refeições. A Seju informou que momentos antes da retomada das negociações nesta quarta-feira os dois agentes feitos reféns foram apresentados pelos presos. Eles aparentavam estar sem ferimentos.

Logo cedo, um preso que estava entre os grupos dos rebelados desistiu de participar do motim e tentou sair das galerias tomadas pelos rebelados. Ele se jogou de uma altura de cinco metros, foi socorrido e levado para o complexo médico. O preso passa bem, segundo a PM.

Facções rivais

A reportagem da Gazeta do Povo apurou que dentro do presídio ocorre uma troca constante de ameaças entre detentos da PEP II. No fim de semana, os presos rebelados ameaçaram integrantes de uma facção criminosa paulista. Esses detentos formam um grupo de oposição à facção. Após as transferências ocorridas no sábado, integrantes da facção paulista - que domina os presídios - revidaram as ameaças de forma ostensiva. Com medo, o grupo que ficou naquela galeria voltou a se rebelar pedindo mais segurança.

Outros pedidos

Outros pontos de reivindicações dos presos envolvem melhorias dentro da penitenciária. Eles reclamam de falta de colchões e de alimentação de má qualidade. Os apenados ainda reclamam de supostas humilhações pelas quais passam os parentes deles nos horários de visitas, em especial durante revistas dos parentes.

A Seju descartou nesta quarta-feira a entrega imediata de novos colchões. A pasta informou que a falta dos objetos são decorrência da rebelião da semana passada, quando 50 colchões foram queimados.

20º caso do ano

O motim na PEP II iniciado nesta manhã é o 19º caso do ano nas penitenciárias do Paraná. A revolta mais violenta ocorreu no fim do mês passado, na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), que terminou depois de 45 horas, com cinco presos mortos, e também registro de feridos e desaparecidos.

Na semana passada, a outra rebelião na PEP II terminou com a transferência de 43 detentos. Na mesma semana, presos da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO) fizeram um motim para pedir transferência. 77 presos deixaram a unidade para outras do sistema carcerário do Paraná.

No dia 7 de setembro, o motim foi na cadeia pública de Guarapuava. Depois de nove horas de negociação, os detidos concordaram em liberar os três agentes reféns ao concordarem com transferência de 74 presos.

Veja quais foram as outras rebeliões do ano:

5 de janeiro de 2014 - Dezoito presos se amotinaram na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. Durante uma hora eles negociaram transferência para o interior do estado. Um agente foi mantido refém pelos presos.

09 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém por presos da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba. Os presos pediam transferência para penitenciárias de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

15 de janeiro de 2014 - Após três horas de motim, presas do Centro de Regime Semiaberto Feminino (Craf) de Curitiba libertaram duas agentes penitenciárias que foram feitas reféns. As detentas pediam melhorias em higiene e limpeza, além de tratamento semelhante ao que ocorre na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara.

16 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém durante 16 horas na PCE, em Piraquara. Os presos pediam transferências para Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu.

10 de fevereiro de 2014 - Vinte e quatro presos, que pediam transferência para outros presídios do estado, mantiveram um agente penitenciário como refém na PEP II. O agente foi libertado após cinco horas de negociações.

06 de março de 2014 - Presos que reivindicavam transferências para Londrina e Francisco Beltrão mantiveram por 15 horas dois agentes penitenciários como reféns na PEP I. As negociações duraram poucas horas, mas os presos se recusaram a viajar de noite, o que fez com que o motim terminasse somente após 15 horas.

10 de março de 2014 - Na PEP II, durante quatro horas um agente penitenciário ficou nas mãos de seis presos que pediam transferências para Guarapuava. Os presos foram transferidos e o agente liberado após negociação.

19 de março de 2014 - Dois agentes carcerários que escoltavam presos foram dominados pelos detentos na PEP I. Os presos libertaram os agentes após conseguirem transferência para cidades de origem. Foram 15 horas de negociação.

19 de março de 2014 - Também na PEP I, durante uma hora um agente foi dominado por presos que pediram transferência para Maringá, no Noroeste do Paraná.

16 de abril de 2014 - No Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, foram oito horas de negociação até que os detentos libertaram um agente penitenciário. Os motivos da rebelião não foram informados, mas o presídio sofre com falta de vagas.

01 de maio de 2014 - Em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, presos da Cadeia Pública do município se rebelaram e pediram transferência. Alguns deles foram colocados em liberdade, pois já haviam cumprido pena.

14 de julho de 2014 - Três agentes carcerários foram feitos reféns na cadeia pública de Telêmaco Borba. O motim durou cerca de 17 horas. Antes do motim, houve tentativa de fuga.

17 de julho de 2014 - Por 16 horas, presos da PEP II realizaram um motim. Quatro presos pediam transferência para Londrina. Um agente na penitenciária foi mantido sob domínio dos presos.

22 de julho de 2014 - Quatro presos se rebelaram e mantiveram um agente refém na PCE. Eles pediam transferência para outras unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Piraquara (CCP).

22 de julho de 2014 - Na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I (PEF I), no Oeste do Paraná, dois agentes foram mantidos sob domínio de dezesseis presos por seis horas. A exigência também era de transferência para outras unidades prisionais do estado.

24 de agosto - Na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), dois agentes penitenciários foram mantidos reféns por cerca de 45 horas. Cinco pessoas morreram no motim e outras 25 ficaram feridas no motim mais violento do Paraná dos últimos quatro anos.

Mais uma rebelião na PEP 2

Veja fotos da rebelião da PEP II

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