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Avião despeja água no combate ao incêndio no Parque Nacional de Brasília: fogo consumiu 32% da área | Daniel Castelano / Gazeta do Povo
Avião despeja água no combate ao incêndio no Parque Nacional de Brasília: fogo consumiu 32% da área| Foto: Daniel Castelano / Gazeta do Povo

Calor e umidade

Condição favorável à chuva de gelo

Apesar da aparência de neve, o granizo que atingiu a cidade de Guarulhos (SP) foi considerado normal por meteorologistas. A condição do tempo dos últimos dias colaborou com a formação de nuvens carregadas, com mais de 10 quilômetros de extensão e temperatura inferior a 50oC negativos – propícia ao granizo. A frente fria que passou pela Grande São Paulo no último fim de semana trouxe ventos marítimos que deixaram o ar da cidade carregado de umidade.

"Calor e umidade colaboraram com as condições atmosféricas necessárias para a formação dessas nuvens pesadas, profundas e altas, típicas de tempestade", explica o meteorologista André Madeira, da Climatempo. "Essa água no topo da nuvem forma esse granizo."

O meteorologista deixa claro que não caiu neve na cidade. "Para formar neve teria de ter muito frio, temperaturas muito baixas. Granizo são pedrinhas de gelo. A neve, cristaizinhos." O fenômeno ocorreu também em bairros da capital paulista, como Tatuapé, Penha, Vila Maria e Campo de Marte, com duração inferior a cinco minutos.

  • Moradores de Guarulhos posam para foto ao lado de boneco de gelo: fenômeno atípico surpreendeu a cidade

Estiagem na capital federal e "nevasca" na Grande São Paulo. O inverno brasileiro mostrou ontem as suas variações com a ocorrência de fenômenos climáticos surpreendentes, mas perfeitamente naturais para um país com dimensões continentais como o nosso. Enquanto a capital Brasília passava pelo primeiro dia em situação de emergência por causa da seca, a cidade de Guarulhos (SP) foi surpreendida por uma forte chuva de granizo que cobriu casas, carros e ruas de branco.

"Chover granizo nesta época do ano é normal, mas não com a força que teve hoje [ontem]’’, disse o meteorologista Michel Pantera, do Centro de Gerencia­mento de Emergências da prefeitura de São Paulo. A previsão inicial de chuva em Guarulhos, segundo fontes meteorológicas, era de cinco milímetros (mm). No entanto, a tempestade de granizo, que começou por volta das 16 horas e durou cerca de uma hora, foi de 27 mm – cinco vezes mais.

Distante mil quilômetros, o Distrito Federal completou 118 dias sem chuva. A baixa umidade relativa do ar, inferior a 20%, tem causado incêndios recordes em parques e áreas de proteção. A situação levou o governador Rogério Rosso a decretar emergência ambiental, que deve vigorar por 60 dias.

Apenas na madrugada de ontem foi controlado o fogo no Parque Nacional de Brasília, após destruir uma área de 13,5 mil hectares, o equivalente a pouco mais de 32% da área. O Corpo de Bombeiros investiga se o incêndio foi causado por uma "rave" na vizinhança do parque. Segundo nota oficial, uma perícia será feita na região da Granja do Torto, em busca de pistas sobre a origem do fogo. Ontem, cerca de 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes continuavam o trabalho de rescaldo.

Em Goiás, um incêndio ainda fora de controle e que completou ontem quatro dias consumiu mais de 26 mil hectares da vegetação da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso. A área atingida equivale a cerca de 30% da reserva, que ocupa 66 mil hectares de Cerrado. Segundo Paulo Carneiro, coordenador de Proteção Ambiental do Instituto Chico Mendes, somente um dos três focos de fogo foi controlado. O parque goiano é maior que o do Distrito Federal (possui 66 mil hectares) e conta com um quinto do efetivo deslocado para o combate às chamas em Brasília. O local, porém, sofre com uma dificuldade adicional: o vento forte, que impede a operação de dois aviões e um helicóptero usados no trabalho.

Amazonas

A Defesa Civil do Amazonas deve começar até o fim desta semana a ajuda emergencial a 27.947 famílias atingidas pela seca nas calhas do Rio Solimões e seu afluente, o Rio Juruá. São mais de 122 mil pessoas em 18 municípios que já decretaram situação de emergência e mais de metade está isolada sem acesso sequer por canoas às comunidades.

O Rio Negro, que banha Manaus, continua descendo, mas o Solimões está subindo cerca de 30 centímetros por dia desde a semana passada. Não é suficiente ainda, contudo, para normalizar a vida dos ribeirinhos. "Só em até três semanas o efeito da subida das águas do Solimões poderá ser sentido nas águas do Rio Negro", disse o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Oliveira.

Na última segunda-feira, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas emitiu parecer favorável à consulta do governo estadual para a ajuda aos ribeirinhos, por causa da proibição de distribuição de bens à população em período eleitoral. A lei já prevê a exceção em situação de emergência, mas como o governador Omar Aziz (PMN) é candidato à reeleição, a administração julgou necessária a consulta.

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