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O segundo dia de julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de sequestrar e mandar matar a ex-amante Eliza Samudio, e de sua ex-mulher Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê que o jogador teve com a vítima, começou com o depoimento de testemunhas terça-feira (5) no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Elas foram ouvidas pela manhã e a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues suspendeu o julgamento para almoço perto das 13 horas. Se o cronograma for seguido, o depoimento dos dois réus deve ocorrer no período da tarde.

Também durante a tarde, serão lidas peças do processo e exibido um vídeo a pedido da acusação.

"Elisa já era"

A testemunha João Batista Guimarães, primeira a ser ouvida, reafirmou perante o júri ter ouvido Cleiton Gonçalves dizer em depoimento à polícia que "Eliza já era". Disse ainda que Gonçalves não foi pressionado no depoimento.

Gonçalves era motorista de Bruno e repetiu na ocasião a frase que ouvira de Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno morto no ano passado. O promotor Henry Wagner Vasconcelos arrolou novamente Guimarães como testemunha para que ele reafirmasse perante o júri que o depoimento de Gonçalves não teve nenhum tipo de interferência policial.

Ele acompanhou em 2010 o depoimento de Gonçalves na delegacia porque estava em uma padaria quando o ex-motorista de Bruno foi chamado para ser ouvido pela polícia. Guimarães, então, foi chamado para ser testemunha do caso.

Em depoimento no julgamento de Macarrão, há quatro meses, Gonçalves reafirmou o que dissera na delegacia. Repetiu que ouviu de Sales a declaração de que "Eliza já era" e que o corpo dela havia sido jogado para cães.

Contudo, ele evitou dar algum sentido à frase que ouvira, ao ser questionado pela juíza Marixa Rodrigues. "Não teve nenhum significado", afirmou ele.

Sérgio Sales também era réu no processo, acusado de participar do homicídio. Ele morreu após mexer com uma mulher casada, que tinha um amante. Quem o matou foi o amante, segundo a polícia. O casal está preso.

A testemunha Jailson Alves de Oliveira, que era a segunda a depor hoje, foi dispensada. Em novembro, durante o julgamento de Macarrão, ele confirmou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, teria assumido a autoria do assassinato de Eliza.

Tia de Bruno diz que viu Eliza no sítio no dia do crime

Célia Aparecida Rosa Sales, tia do goleiro Bruno, confirmou, nesta terça-feira, durante seu depoimento no julgamento, ter visto Eliza no sítio de Bruno em Esmeraldas, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, "no dia 9 ou 10 de junho", data em que a ex-amante do goleiro teria sido assassinada. Célia contou que foi ao local com Dayanne Rodrigues, ex-mulher do ex-goleiro.

A tia do jogador afirmou que estavam no sítio, além de Eliza, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, Sérgio Rosa, seu filho, que foi morto, Jorge Luiz, o primo de Bruno e Coxinha. O filho que Eliza teve com Bruno também estava no sítio, segundo a tia do ex-goleiro, assim como as filhas que Bruno teve com Dayanne.

A tia do réu contou também que teria conversado muito com Eliza e que esta teria até ajudado a preparar a comida que foi servida no local nesse dia. Disse que Eliza chegou a convidar alguns dos que estavam no sítio para a visitarem no apartamento para onde achou que seria levada ao deixar o sítio com Macarrão, Jorge Luiz Lisboa Rosa e Sérgio Rosa Sales. Neste momento, disse a tia de Bruno, Eliza teria sido levada para ser morta pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

Célia Rosa Sales contou que ficou com o bebê de Eliza Samudio porque achou que a mãe teria ido para São Paulo "resolver algumas coisas" após deixar o sítio do atleta e, posteriormente, não retornar. Segundo ela, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, também cuidou da criança antes de viajar para o Rio de Janeiro e teria tratado o bebê "como se fosse filho dela".

Início tumultuado

O primeiro dia de julgamento, ocorrido na segunda-feira (4), foi marcado por pelo menos duas acaloradas discussões entre representantes da acusação, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e advogados de defesa dos réus.

Os defensores protagonizaram bate-bocas que levaram a magistrada a interromper a sessão algumas vezes. A primeira discussão ocorreu logo no início da manhã, antes mesmo do sorteio dos jurados que compõem o conselho de sentença, quando o assistente de acusação, o advogado José Arteiro Cavalcante, acusou um dos representantes de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, de "desrespeito" e ambos levantaram a voz com dedos em riste.

Durante a tarde, Silva protagonizou outro atrito, desta vez com o promotor Henry Wagner Vasconcelos, que chegou a dizer que se sentiu "ameaçado" quando o advogado, no meio do depoimento de uma testemunha, afirmou que "o bicho vai pegar" no julgamento.

E, em vários momentos ao longo do dia, a juíza discutiu com Ércio Quaresma Firpe, polêmico advogado que representava Bruno durante as investigações e que deixou o caso após aparecer em um vídeo fumando crack. Ele voltou a atuar no processo como defensor do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que será julgado a partir de 22 de abril pela acusação de assassinato e ocultação de cadáver de Eliza. Marixa repreendeu o advogado durante a manhã por causa de pedidos que fazia e que, segundo a magistrada, não caberiam naquele momento, e durante a tarde, porque Quaresma ficava andando pelo plenário e "soprando" perguntas para serem feitas à delegada Ana Maria dos Santos.

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