• Carregando...

Duas amostras de sangue coletadas logo depois do acidente foram levadas para o IML

O Hospital Universitário Evangélico de Curitiba comunicou nesta sexta-feira (15) ter retirado amostras de sangue do deputado Fernando Ribas Carli Filho (PSB) uma hora depois do acidente que o deixou gravemente ferido e matou outros dois jovens na semana passada. O material está Hemobanco, que guarda as amostras de sangue para o hospital. O Instituto Médico Legal (IML) recebeu o material no início desta noite, de acordo com o Paraná TV 2ª Edição.

O hospital afirmou, por meio de um ofício, que solicitou ao Hemobanco a amostra, que deve ser entregue para análise laboratorial nos próximos dias. Testemunhas confirmaram que o deputado ingeriu bebida alcoólica, mas um laudo técnico tem mais peso em um inquérito do que os depoimentos.

O Evangélico informa ainda no ofício encaminhado ao delegado Armando Braga de Moraes Neto, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), que o sangue foi colhido às 2h15 do dia 7 deste mês - pouco mais de uma hora depois do acidente, portanto. A extração se deu no momento em que o deputado recebia quatro medicamentos, de acordo com Constantino Miguel Neto, diretor geral do Hospital Evangélico. Há também outra coleta dois dias depois do acidente.

O Ministério Público solicitou na quinta-feira (14) informações sobre as condições das amostras. "O Ministério da Saúde exige que essa amostra fique guardada por dez dias, que estariam vencendo hoje [sexta-feira] ou amanhã [sábado]. Naturalmente que o Hemobanco vai guardar essa amostra deixando a disposição da Justiça", disse o diretor do Hemobanco Paulo Rodrigues de Almeida ao Paraná TV 1ª Edição.

Com a amostra, o IML fará exame de dosagem alcoólica e toxicológico - eles determinarão, respectivamente, se o deputado ingeriu álcool e outras substâncias.

Crítica dos vereadores

Sobre as críticas feitas pelos vereadores de Curitiba com relação as supostas deturpações do estado de saúde do deputado, a assessoria de imprensa afirmou que está respondendo a todos os questionamentos judiciais sobre o caso e que irá se manifestar à sociedade quando julgar oportuno.

Em reunião na quinta-feira (14), os vereadores também apontaram falhas da Polícia Militar. A reportagem tentou novamente obter a versão da PM sobre o caso, mas até o momento da publicação desta matéria, não obteve resposta.

Embriaguez e alta velocidade

Depoimentos de testemunhas e provas materiais não deixam dúvidas de que o deputado Carli Filho dirigia em alta velocidade e apresentava sinais evidentes de embriaguez, segundo disse na tarde de quinta-feira (14) o promotor de Justiça Rodrigo Chemim. Carli Filho teria consumido quatro garrafas de vinho em companhia de amigos antes de dirigir, afirmou Chemim.

Foi a primeira vez que o promotor falou publicamente sobre o acidente da semana passada envolvendo o parlamentar. De acordo com ele, que foi designado pelo Ministério Público Estadual (MP) para acompanhar as investigações, imagens das câmeras de segurança de um posto de gasolina registraram o momento em que o carro do deputado se chocou com o Honda Fit – no qual estavam os dois rapazes que morreram –, que vinha em baixa velocidade após fazer uma curva. A gravação ainda descarta qualquer possibilidade de que um racha estivesse sendo disputado.

Até a tarde de quinta, nove testemunhas tinham sido ouvidas. Segundo os garçons que serviram Carli Filho no restaurante onde ele esteve poucas horas antes do acidente, o parlamentar jantou com o tio e também deputado estadual Plauto Miró (DEM) e, em seguida, se juntou a grupo de amigos que estava em outra mesa. Até o momento em que deixou o estabelecimento, Carli Filho bebeu quatro garrafas de vinho - não se sabe se sozinho ou com os amigos - e demonstrava estar embriagado. "Mas todas as evidências deixam claro que o deputado estava embriagado e dirigindo em velocidade excessiva."

Depoimentos dos policiais militares que atenderam o acidente e o relatório emitido pelos bombeiros do Siate também apontam a embriaguez do deputado. Todos esses documentos já estão anexados ao inquérito.

Para ter também uma prova material a partir de dosagem alcoólica, o promotor disse que o Hospital Evangélico garantiu que ainda guarda amostras de sangue do parlamentar colhidas no dia do acidente. O Instituto Médico Legal é quem irá determinar se o material ainda tem condições de ser analisado. "Independentemente disso, as testemunhas já são uma prova que confirma a embriaguez", declarou.

Testemunhas

Uma moradora da região e o motorista de um carro que vinha logo atrás do Honda Fit viram o acidente e afirmaram que o deputado dirigia em alta velocidade. Essa última testemunha disse, também, que o carro de Ribas Carli saiu do solo antes de bater no outro veículo. "As imagens do posto de gasolina são de baixa qualidade para termos detalhes da batida", informou. De acordo com Chemin, a perícia constatou que o velocímetro do Passat dirigido por Carli Filho está zerado e, por isso, ele segue atrás de informações técnicas que possam confirmar a velocidade desempenhada pelo deputado no momento do acidente.

O promotor disse que as imagens dos radares próximos ao local da colisão não indicam que o parlamentar tenha passado pela Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi. "Já solicitei à Urbs um tempo maior de gravações, já que aquele é o caminho por qual o deputado passou até a batida", disse.

Chemin não estipulou prazo para a conclusão do caso. Segundo ele, o inquérito está em estágio avançado.

Acidente

A colisão aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski na madrugada de quinta-feira (7). O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros.

Reportagem da Gazeta do Povo revelou que Carli Filho teve a carteira de motorista cassada em razão do excesso de multas – maioria por excesso de velocidade.

A família Yared pediu a cassação do mandato do deputado. A Assembleia Legislativa deve analisar a solicitação nos próximos dias. Ninguém da família do deputado comenta o acidente.

Boletim médico

O hospital Albert Einstein afirma que o deputado Carli Filho foi operado para corrigir fraturas no rosto e na cabeça. Ele está consciente, mas permanece na Unidade de Terapia Intensiva.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]