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Partidos já se movimentam para tomar uma posição quanto aos escândalos que envolvem o senador José Sarney | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Partidos já se movimentam para tomar uma posição quanto aos escândalos que envolvem o senador José Sarney| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve ser alvo de duas representações por quebra de decoro parlamentar nesta semana. As duas pedirão ao Conselho de Ética que investigue as responsabilidades de Sarney na edição de atos secretos e de participação do neto José Adriano Cordeiro Sarney na intermediação de empréstimos com desconto na folha de pagamento dos servidores do Senado. A primeira será apresentada hoje pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM); a segunda, do PSol, será formalizada na quarta ou quinta-feira.

Arthur Virgílio anunciou também para hoje "um duro discurso", no qual pedirá a moralização da Casa e atacará novamente o ex-diretor-geral Agaciel Maia, acusado de ser o mentor dos atos secretos e que se afastou por 90 dias, mas com direito a receber os salários. Embora Arthur Virgílio seja o líder tucano, ele explicou que sua iniciativa é particular e não envolve o partido. O PSDB ainda não tem uma posição oficial sobre o futuro de Sarney. De Estocolmo, capital da Suécia, onde está em viagem oficial, o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), disse que ainda vai reunir seus colegas para decidir o que fazer em relação ao presidente do Senado.

Incerto

Embora politicamente as duas representações contra Sarney tenham peso, pois pedem que o presidente da Casa seja investigado, o futuro delas é incerto. O Senado não tem um Conselho de Ética formalizado, pois o mandato dos antigos conselheiros terminou em maio. E os novos ainda não puderam tomar posse porque o PMDB e o PSDB não indicaram seus seis titulares e igual número de suplentes. Além do mais, a representação tem de ser acatada primeiro pela Mesa Diretora e quem a dirige é justamente José Sarney, o alvo.

Nessa confusão regimental e política, os partidos já se movimentam para tomar uma posição quanto a tudo o que envolve o senador José Sarney. O PT deve começar hoje uma série de conversas – que envolverá também o Palácio do Planalto – para decidir como se comportar. A tendência é que fique do lado de Sarney, porque um pedido de afastamento do senador teria implicações gigantescas quanto ao futuro da aliança que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende formar em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência no ano que vem. A aliança com o PMDB de Sarney é justamente o partido mais cobiçado pelo presidente Lula.

Democratas

O DEM fará amanhã a reunião em que decidirá como se comportar. Para o líder do partido, José Agripino Maia (RN), Sarney terá de explicar a situação do neto José Adriano e provar que suas atividades não eram iguais às de João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos, investigado pela Polícia Federal por supostamente ter montado empresas fantasmas para a intermediação do empréstimo consignado. "Não dá para ter dois pesos e duas medidas. É preciso provar que o neto não tinha atividades ilegais. Nós já pedimos a cabeça do Zoghbi", disse Agripino. O mais provável é que o DEM peça o afastamento de Sarney não da presidência do Senado, mas da sindicância administrativa que será aberta hoje contra o ex-diretor Agaciel Maia.

A sindicância que vai apurar as responsabilidades de Agaciel na orquestração dos atos secretos que criaram privilégios para parentes e apaniguados de senadores baseia-se no Regime Jurídico Único do servidor público. A representação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) contra o ex-diretor pede que Agaciel seja demitido a bem do serviço público. Se isso ocorrer, ele perderá até o direito à aposentadoria. João Carlos Zoghbi já responde a sindicância igual e também corre o risco de ficar sem os proventos da inatividade, para a qual já fez o pedido à direção do Senado assim que os escândalos envolvendo seu nome apareceram.

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