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| Foto: Reprodução/PwC

Um estudo recente, realizado pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra que a desigualdade de acesso à internet no Brasil é uma das grandes barreiras para o país se desenvolver. Denominado “O abismo digital no Brasil”, o levantamento revela que, embora 81% da população brasileira acima dos 10 anos tenha acesso à internet, somente 20% conta com uma conexão de qualidade. Esse levantamento se junta a diversos outros que expõem as dificuldades e limitações que uma grande parcela da população enfrenta quando o tema é internet de qualidade. Os dados já coletados e disponíveis são suficientes para que o próximo governo coloque o tema como prioridade em suas ações a curto e médio prazos.

A pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros, TIC Domicílios 2021, retrata de forma clara a disparidade de acesso à internet no país. Enquanto 100% dos domicílios da classe A e 98% da classe B estão conectados, apenas 61% das classes D e E tem acesso à rede. Essa realidade se agrava pelo fato de que a qualidade de conexão da maior parte dos domicílios de baixa renda é ruim.

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O mundo iluminado da internet e as trevas dos países pobres retratam a exclusão digital.| Reprodução/DT Global

A população de menor poder aquisitivo também não tem acesso a equipamentos adequados. Enquanto praticamente a totalidade dos domicílios da classe A (99%) e a grande maioria da classe B (83%) tem computador, menos da metade dos domicílios da classe C (41%) e apenas um em cada dez (10%) da classe D dispõe do equipamento.

Voltando ao estudo da PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva, fica evidente que a falta de qualidade no acesso à internet impacta principalmente as classes de menor poder aquisitivo. “Entre as principais razões para a dificuldade de acesso à internet estão a baixa qualidade do sinal e o alto custo dos planos e dos equipamentos. A pesquisa demonstra que a infraestrutura é deficitária em todo o país, mas que o problema é mais grave em regiões periféricas”, diz o relatório.

Outro dado negativo é que, sem dispor de computador, a grande maioria dos ususários de internet das classes C, D e E acessam a rede exclusivamente por smartphone, “o que limita ainda mais o uso de recursos digitais para informação, aprendizado e utilização de serviços”. Sem contar que, devido ao alto custo dos planos de dados de telefonia móvel, essa parcela da população fica desconectada a maior parte do tempo.

Sem oferecer condições de acesso à grande parcela da população hoje excluída digitalmente, o Brasil ficará cada vez mais para traz do mundo desenvolvido. Acesso à internet é fundamental não só para buscar informação, diversão (música, esportes, jogos) ou usar as redes sociais. A conectar-se à rede com qualidade, toda pessoa tem as portar abertas para fazer negócios, transações financeiras, acesso facilitado à justiça, aos serviços públicos, ao estudo, a vagas de emprego e muito mais.

Para cumprir as promessas de impulsionar o desenvolvimento econômico, social e cultural do país, o governo Lula não poderá deixar em segundo plano a igualdade de acesso à internet. O ex-ministro das Comunicações e do Planejamento Paulo Bernardo, coordenador do grupo de trabalho de Comunicação na equipe de transição do próximo governo, diz que a determinação de Lula já foi dada: buscar medidas para baratear o acesso por banda larga. Esse seria um dos passos mais importantes para que muitas pessoas hoje desconectadas tenham acesso à rede.

Na mesa estão colocadas algumas propostas que se tem conhecimento. Uma delas prevê oferecer bônus junto com o pagamento do Bolsa Família. Seria uma espécie de tarifa social de conexão de banda larga para as famílias de baixa renda.

O que muitos já apelidaram de “bolsa internet” pode permitir avanços, mas não é tudo. É preciso investimento em infraestrutura para conectar com banda larga regiões em que há apagão digital (periferias, zonas rurais e áreas remotas) e melhorar a rede nas escolas.

O trabalho em conjunto com estados e municípios é fundamental para que o país reduza as desigualdades de acesso à internet. É urgente que a infraestrutura de fibra ótica e o aumento da velocidade média da banda larga no país chegue a todas as cidades e bairros, nas estradas, nas instituições de ensino de todos os níveis.

O acesso à internet de qualidade e barata é condição imprescindível para atingir as metas de desenvolvimento.

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