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Haddad na Fazenda
| Foto: Ricardo Stuckert

Com o nome do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad no topo das apostas para assumir o Ministério da Fazenda no futuro governo Lula, o mercado reage em efeito gangorra. Um dia cai, outro sobe. A instabilidade demonstra que há muita especulação e ausência de motivos para o nervosismo. O currículo de Haddad mostra que o ex-ministro da Educação tem todas as credenciais para comandar a pasta considerada crucial para tirar o país do atoleiro, apesar de que histórico passado (currículo) não é garantia de êxito futuro.

Haddad é um dos poucos políticos brasileiros com formação sólida e conhecimento de diversas áreas. Professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), o ex-prefeito é advogado (formou-se em Direito em 1985), tem mestrado em Economia (1990) e doutorado em Filosofia (1996).

Para o pessoal do mercado que sofre chilique quando se fala em Haddad no comando da Fazenda, vale observar que o petista trabalhou no mercado financeiro. Em 1988, ele foi analista de investimento do Unibanco. Também tem experiência no comércio, setor em que trabalhou com seu pai, Khalil Haddad, um comerciante atacadista no setor têxtil, e passagem pelo setor de incorporação e construção.

Uma das contribuições de Haddad que se popularizou no comércio foi a criação da Tabela Fipe, quando trabalhou como consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. A ferramenta é usada por milhões de pessoas, por exemplo, na compra e venda de veículos.

Na gestão pública, também acumulou experiência na área econômica. Foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico do município de São Paulo, no mandato da prefeita Marta Suplicy, e assessor especial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, antes de se tornar ministro da Educação de Lula.

Entre apoiadores do nome de Haddad para a Fazenda há grande expectativa de que ele possa implementar um programa econômico exitoso, como fez à frente do Ministério da Educação (MEC).

Grande parte das políticas educacionais em prática hoje no país foi adotada durante a gestão de Haddad. A lista é grande: Programa Universidade para Todos (ProUni), novas regras para o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), ensino fundamental de nove anos, Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Universidade Aberta do Brasil, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 14 novas universidades federais e mais de 100 câmpus (campi).

Os destaques da atuação de Haddad na educação não se restringiu a medidas administrativas e de gestão. A atuação política caminhou junto, o que pode ser demonstrado com a aprovação das Emendas Constitucionais nº 53 e nº 59. Com a alteração de vários dispositivos da Constituição, foi possível garantir a instituição de medidas importantes, como obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos, fim da Desvinculação de Receitas da União (DRU) que retirava do orçamento do MEC, estabelecimento de limite mínimo do investimento público em educação como proporção do PIB, piso salarial nacional para os professores da rede pública e extensão dos programas complementares de livro didático, alimentação, transporte e saúde escolar para toda a educação básica.

Desde 2015, o PIB brasileiro vem alternando quedas e crescimento pífio de ano para ano. As medidas dos últimos governos não conseguiram fazer a economia decolar, o que demonstra que é preciso uma nova política econômica.

Haddad, além de oferecer esse horizonte de uma nova arrancada para o desenvolvimento, representa Lula na economia. Seria a certeza para o próximo presidente que haveria responsabilidade fiscal – ponto de histeria do mercado financeiro –, mas com a responsabilidade social em primeiro plano.

Resta saber se Lula vai enfrentar uma parte das forças que movem trilhões no mercado financeiro e nomear o nome de sua inteira confiança.

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