A 20 dias da eleição, pouco mais da metade dos eleitores brasileiros não pretende votar nos dois favoritos para chegar ao segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). De acordo com a pesquisa presidencial mais recente, da CNT/MDA, a dupla soma 45,8% das intenções de voto – o capitão da reserva tem 28,2% e o petista, 17,6%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
A sondagem aponta 12,3% de indecisos. Outros 28,5% afirmaram que vão votar nos demais 11 candidatos. E há 13,4% de brancos e nulos.
Esse contingente de 54,2% do eleitorado não aderiu, pelo menos até a realização da pesquisa (entre os dias 12 e 15 de setembro), à polarização Bolsonaro x Haddad. Que saída eles têm?
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A primeira é óbvia: seguir o fluxo e se juntar ao ambiente de duelo. Não à toa, Bolsonaro tem jogado suas redes para pescar o fluido eleitorado de nomes mais próximos ao centro, como Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos).
Ao reforçar o antipetismo e tumultuar o ambiente com críticas à credibilidade da urna eletrônica, convoca mais gente à luta contra Lula e tudo de errado que está aí.
Do outro lado da trincheira, Haddad vai tentar convencer que é o único caminho viável para evitar Bolsonaro. Como não tem como empurrar o passado recente petista para baixo do tapete, é uma jogada que tanto chama gente para seu lado quanto para o flanco bolsonarista.
Voltando à questão: e quem realmente não está disposto a esse dualismo, como fica? Com um mar de candidaturas pulverizadas, sobram poucas opções. Em intenções de voto, a mais competitiva é a de Ciro Gomes (PDT), com 10,8%.
Ciro, porém, é uma força paralela ao lulismo, sujeita a percalços, guardadas as proporções, similares aos de Haddad. Ao jogar quase todas as suas fichas na possibilidade de captar os votos dos órfãos de Lula, corre o sério risco de ser visto apenas como um bastardo da esquerda. No front do ex-presidente, só há espaço para um filho legítimo, Haddad.
Do outro lado, Alckmin está reduzido a 6,1% e Marina Silva (Rede), a 4,1%. Nesse mosaico, há ainda os fragmentos de João Amoêdo (Novo), com 2,8%, Alvaro, 1,9%, Henrique Meirelles (MDB), 1,7% e os 1,1% somados de Cabo Daciolo (Patriota), Guilherme Boulos (PSOL) e Vera Lúcia (PSTU).
Um exercício matemático (e ideológico) mostra que uma união de esforços entre eleitores de Alckmin, Marina, Amoêdo, Alvaro e Meirelles concentraria 16,6% das intenções de voto. À exceção de Marina, os outros quatro estão em um espectro do centro para a direita, com afinidades entre si, e com visões muito diferentes do confronto entre Bolsonaro e Haddad.
Para mudar a situação e se encaixar mesmo como terceira via, contudo, o quinteto precisaria de uma atitude drástica. Gente precisaria abrir mão da candidatura para criar barulho. Novamente, à exceção de Marina, vaidades e projetos de poder (alguns deles pessoais e outros mais consistentes para o futuro, como o do Novo) parecem impedir uma concertação.
Uma terceira via tem demanda, mas daria uma trabalheira danada para sair do papel. O eleitor nem-nem (nem Bolsonaro, nem Haddad) está a ver navios por falta de oferta do mercado eleitoral.
METODOLOGIA
Pesquisa realizada pelo CNT/MDA de 12/set a 15/set/2018 com 2.002 entrevistados (Brasil). Contratada por: CONFEDERACAO NACIONAL DO TRANSPORTE. Registro no TSE: BR-04362/2018. Margem de erro: 2,2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
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