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Mais um ano em que estamos às voltas com o fenômeno climático La Niña. Com as notícias, por vezes sensacionalistas, sobre aquecimento global e mudanças climáticas, os eventos climáticos El Niño e La Niña são interpretados como conseqüência dessas mudanças pelo público em geral. Estes fenômenos, na verdade, não têm relação com mudanças climáticas, estão relacionados com o aquecimento ou o resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, que sempre ocorreu e continuará ocorrendo.

El Niño e La Niña são fenômenos que afetam o clima em diversas partes do planeta, e de maneiras diferentes. Em determinados locais chove acima da média, já em outros as precipitações ficam muito abaixo do esperado. Com relação às temperaturas, também não é diferente. Existem locais onde os termômetros se comportam de maneira mais estável, sem grandes alterações, enquanto que em outros experimentamos variações bruscas: marcações muito altas intercaladas por entradas de massas de ar frio que fazem com que os registros tenham uma queda acentuada.

No Brasil, esses dois fenômenos também afetam o clima de maneiras diferentes. Em anos de El Niño, observamos chuvas mais regulares e acima da média no Centro-sul, e chuvas abaixo da média no Nordeste e parte da Região Norte. O inverso ocorre em anos de La Niña: o Centro-Sul sofre com chuvas irregulares e muitas vezes abaixo da média, enquanto que, no Nordeste e parte da Região Norte, as chuvas são mais abundantes e melhor distribuídas. Ocorrem anos também em que não observamos o aparecimento de nenhum desses fenômenos.

Para a agricultura, especificamente, o quadro se repete. Em anos de El Niño, as pesquisas na área agrícola mostram que as produtividades da Região Centro-Sul são favorecidas pelas chuvas, enquanto que para o Nordeste e Leste da Região Norte do país as safras sofrem com as adversidades climáticas, apresentando baixa produtividade, devido ao clima menos favorável. Por outro lado, em anos de La Niña, observamos uma situação inversa, as produtividades agrícolas no Centro-sul do Brasil é que são afetadas pelas adversidades climáticas.

Este ano, particularmente, estamos sob a influência do fenômeno climático La Niña, que começou a se manifestar no Pacífico Equatorial em maio e, segundo os modelos de previsão climática, indicam sua continuidade pelo menos até março e abril do próximo ano. Aqui no Sul, tivemos a oportunidade de sentir os primeiros efeitos do La Niña no início da safra agrícola, quando observamos chuvas muito abaixo da média, que tiveram uma distribuição muito irregular. Com o La Niña influenciando nosso clima, a tendência climática para os próximos meses continua sendo de precipitações irregulares e que, por vezes, podem ficar abaixo da média. Portanto, o agricultor, mais uma vez, deve ficar atento às previsões de tempo e clima, uma vez que, aqui no Sul do Brasil, não deveremos ter um clima favorável, como o que ocorreu na última safra.

Luiz Renato Lazinski é meteorologista do Inmet.

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