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Há modelos de produção que chegam a adicionar 20% na mistura do biodiesel ao óleo diesel. Contudo, produção geral deve ficar restrita aos 10%. | Arquivo/
Gazeta do Povo
Há modelos de produção que chegam a adicionar 20% na mistura do biodiesel ao óleo diesel. Contudo, produção geral deve ficar restrita aos 10%.| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Na planilha, são só dois pontos percentuais. Mas o efeito prático do aumento da mistura de biodiesel ao óleo diesel, de 8% para 10%, criará uma demanda adicional de esmagamento de 4 milhões de toneladas de soja, para além das 15 milhões de toneladas já utilizadas anualmente na produção do combustível renovável.

A se confirmar a mistura de 10% no diesel comercial, o chamado B10, cerca de 14% de toda a soja produzida no Brasil será esmagada para virar combustível, deixando ainda como subproduto o farelo para ração animal. O volume da produção nacional de biodiesel aumentará para 5,3 bilhões de litros, 25% a mais do que neste ano.

A elevação imediata da mistura B8 para B9, e para B10 em março de 2018, deverá ser anunciada pelo Governo Federal no início de agosto, após validação pelo Conselho Nacional de Política Energética, vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

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Um aumento tão significativo na demanda por soja é o tipo de notícia que todo produtor gostaria de ouvir nesta supersafra, quando foram agregados 18,5 milhões de toneladas à produção anterior de 95,4 milhões de toneladas de soja (crescimento de quase 20%). A leguminosa é hoje a principal matéria-prima do biodiesel, usada em 82% dos 4,5 bilhões de litros que devem ser produzidos no país em 2017.

“Temos hoje 63 milhões de toneladas de soja em grão que são exportadas in natura. Matéria-prima não falta ao Brasil. O que falta é política pública tributária que incentive e não penalize a indústria nacional”, afirma Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE).

A queixa da indústria é contra a lentidão do sistema de recuperação dos créditos de PIS/Cofins pagos em etapas anteriores da cadeia produtiva. A ABIOVE estima que o B10 levará à criação de 20 mil novos postos de trabalho. Também significará economia de US$ 3,2 bilhões em divisas internacionais com a substituição do volume equivalente importado de diesel mineral.

O diesel B10 deverá permanecer pelo menos até 2019, quando os pesquisadores terão terminados todos os testes encomendados pela indústria automobilística sobre a viabilidade de elevar a mistura vegetal para 20%. Para isso, soja é que não vai faltar, segundo o pesquisador César de Castro, do Núcleo Temático de Agroenergia da Embrapa Soja, em Londrina.

“Estamos começando a experiência de produzir soja em Alagoas, Sergipe e Bahia, em áreas que normalmente produziam cana-de-açúcar. Até o Amapá e o Rio de Janeiro estão testando variedades de soja adaptadas. O País domina o pacote tecnológico, só temos a avançar nesta cultura”, conclui.

Pelos cálculos da ABIOVE, desde que começou a ser adotado, em 2005, o biodiesel gerou demanda para processamento doméstico de 85,1 milhões de toneladas de soja. Outras 3,9 milhões de toneladas de gorduras animais foram utilizadas, evitando o descarte inadequado no meio ambiente.

Em 12 anos, o biodiesel evitou a emissão de 79 mil toneladas de dióxido de carbono, o que corresponde a 4% das emissões totais de diesel. No período, o país evitou gastar US$ 15,7 bilhões com importações de diesel fóssil.

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