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Maior exportador de café do mundo, o Brasil ampliou em um terço a renda dos embarques no ano passado. Um sinal de que a vocação no campo está sendo mais valorizada. No entanto, ainda há muito a se fazer, especialmente na padronização, processamento e distribuição direta do produto.

Esse papel é desempenhado por países como a Alemanha, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. Os alemães começam e terminam o dia tomando café brasileiro, colombiano, vietnamita, mas o produto é selecionado e misturado no próprio país. A população mal sabe que a bebida tem origem estrangeira, e que chega à mesa custando quatro vezes o preço pago aos produtores.

As empresas que misturam e padronizam o produto administram essa "valorização" sem culpa, tamanho o interesse das indústrias de todo o mundo pelo café "alemão". "O Brasil tem café do mais baixo ao mais elevado padrão e pode ser um bom negócio o mix desses produtos nas regiões próximas às fazendas. O país não importa café de outros países por razões sanitárias, mas poderia trabalhar melhor a produção interna", avalia Günter Brockhaus, diretor administrativo da KNG Kala Hamburg – que processa e armazenda grãos de todo o mundo em Hamburgo, onde fica o segundo maior porto da Europa.

A empresa se especializou no processamento e também em logística. Não atua em situação tão confortável como o cafeicultor brasileiro pode imaginar. Tenta manter sua estrutura ocupada o máximo possível para garantir rentabilidade. Como se tornou especialista em identificar demandas por misturas de arábica e robusta, vende serviço e conhecimento técnico associados ao grãos.

Por outro lado, presta também serviços simples, que poderiam ser feitos nos países de origem. É o caso da limpeza dos grãos, que atravessam o Atlântico e chegam à Alemanha com até 4% de impurezas.

Na rede industrial alemã, os grãos são espremidos, inchados e passam por processos químicos que conferem diferentes gostos à bebida. Variações na acidez, na umidade e nas misturas vêm sendo testadas para ampliar a lista de opções, que cada indústria pode encomendar para justificar seus rótulos. Das instalações da KNG saem cafés para Sara Lee, Aldi, Starbucks, West Coffee. Ao movimentar até 240 toneladas por hora, estima estar servindo o mercado com produto suficiente para 50 bilhões de copos de café ao ano. Dois terços da produção ficam na própria Alemanha, onde a participação no mercado estaria em 60%. A empresa recebe cafés do Brasil três vezes por semana.

Maior produtor e exportador, o Brasil é também considerado o segundo maior consumidor de café do mundo. Mesmo assim, a indústria nacional ainda tenta avançar na agregação de valor e na venda de produto final ao exterior. Ao menos 11 dos 27 estados cultivam o grão, com 300 mil cafeicultores, que nem sempre ficam com a parte merecida pela produção de cafés de qualidade.

Neste ano, o setor vem sendo estimulado pelos preços. No Paraná, em relação à média do ano passado, houve reajuste de 60%. Conforme a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a saca de 60 quilos vem sendo vendida por R$ 398 em 2011, ante R$ 247,5 pagos em 2010.

O resultado das exportações foi recorde em 2010: US$ 5,7 bilhões Um número que representa crescimento de 34,7% em relação ao ano anterior: US$ 4,3 bilhões. Os países desenvolvidos são o maior destino do café brasileiro. Os principais importadores são Estados Unidos, Itália e Argentina.

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