Apoio à comercialização não sustenta cotações

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As medidas que estão sendo adotadas pelo governo federal para apoiar a comercialização da safra brasileira de trigo não têm conseguido sustentar cotações mínimas nos principais estados produtores. No Paraná, maior produtor nacional do cereal, os preços pagos aos agricultores avançaram 1% desde o início das operações, no final do mês passado, mas ainda permacem abaixo dos R$ 530 a tonelada – valor estipulado pelo governo federal como patamar mínimo de remuneração para o trigo pão tipo1.

O excesso de chuvas registrado na reta final da colheita do cereal do Paraná, que prejudicou o rendimento da safra e a qualidade do cereal, agora dificulta ainda mais a já complicada comercialização do trigo brasileiro. Com os armazéns nacionais ainda abarrotados de produto da safra anterior, que teve rendimento e qualidade excelente, o cereal que sai do campo não encontra compradores.

Estoque público

O governo federal, sozinho, tem em estoque 670 mil toneladas de trigo da safra de 2008, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A esse volume, somam-se os estoques privados, de tradings, cooperativas, produtores e indústrias moageiras.

Estocados, a indústria faz apenas o que o mercado chama de negócios da mão para a boca, comprando no mercado interno somente o necessário para suprir necessidades imediatas de consumo, explica o presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim. Os moinhos argumentam que o produto novo não tem qualidade suficiente para ser usado na indústria de panificação e recorrem ao grão importado do Mercosul para se abastecer a produção.

Por ser isento da TEC (Tarifa Externa Comum, imposto de 10% que incide sobre o cereal importado de fora dos países do Mercosul), o trigo argentino chega ao Brasil a preços mais atrativos (baratos) que o produto nacional. Comprar trigo no mercado interno tem ficado cerca de 20% mais caro, mesmo para quem recebe o prêmio pago pelo governo nos leilões de PEP,", relata o corretor José Gilmar Carvalho de Oliveira, da Safrasul.