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Localização estratégica, grande escala e alta taxa de ocupação permitem ao Complexo Armazenador de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) localizado em Ponta Grossa ostentar números positivos e ajudam a desmontar um dos grandes mitos do agronegócio, de que armazenagem é uma atividade que dá prejuízo. A unidade registrou no ano passado lucro de R$ 13 milhões. A cifra é modesta, se considerado o porte da planta, que comporta até 420 mil toneladas de granéis, mas revela o despertar de um gigante.

Construída na década de 70 para acomodar os estoques públicos, a unidade recebe hoje não só produtos do governo, mas também de cooperativas e outras empresas privadas. Funciona como uma espécie de "pulmão logístico" que dá fôlego para o crescimento da produção. No ano passado, com uma safra recorde represada no interior por causa dos preços baixos desfavoráveis à exportação, produtores de várias regiões do Paraná recorreram à unidade de Ponta Grossa para contornar a falta de espaço nos silos. "A procura foi tão grande que nem conseguimos atender a toda a demanda do setor privado", lembra o superintendente regional da Conab no Paraná, Lafaete Jacomel.

Atualmente, cerca de um terço dos grãos depositados nos silos e armazéns do complexo de Ponta Grossa, pouco mais de 100 mil toneladas, pertence a moinhos, cooperativas ou empresas privadas. No total, a unidade abriga 311 mil toneladas de trigo, milho e soja, ocupando 74% da sua capacidade estática.

Esse índice chegou a 80% em março, pico da safra de verão, e vem caindo aos poucos, relata o gerente Sérgio Roberto Piakowski. O limite seria 90%, cerca de 380 mil toneladas, calcula. Ele explica que jamais se consegue aproveitar 100% da capacidade dos armazéns, porque é preciso separar um produto do outro e, em geral, qualquer grão – soja, milho ou trigo – é segregado em pelo menos dois tipos. Na separação, há sobra de espaço.

Piakowski observa que a taxa de ocupação da unidade permanece acima de 50% desde o final de 2008 e afirma que esse seria um dos segredos para obter resultado operacional positivo com uma atividade que costuma dar prejuízo. O porte grande e o índice de ocupação elevado permitem economia de escala, considera.

"O complexo de Ponta Grossa não é a única unidade superavitária da Conab no país, mas certamente é a que tem lucro mais expressivo", afirma Jacomel. Pelo tamanho do armazém e sua localização, o caso é considerado singular – não é usado como exemplo na comparação com outras estruturas.

"Isolada, a armazenagem não é economicamente viável no longo prazo. Ela deve ser encarada como um ponto de apoio à indústria e, por isso, só é economicamente sustentável quando inserida dentro de um processo produtivo", analisa Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

A unidade armazenadora de Ponta Grossa é a maior planta de armazenagem da Conab no Brasil. Sozinha, responde por 19% da capacidade estática de armazenamento da estatal, que é de 2,16 milhões de toneladas. A rede de estocagem de grãos da companhia compreende 94 armazéns em 25 estados da federação. O Paraná tem mais quatro armazéns da Conab, em Apucarana, Cambé, Rolândia e Curitiba. Juntas, as cinco unidades comportam 540,6 mil toneladas de grãos – 78% desse volume estão concentrados no complexo de Ponta Grossa.

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