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Compra de defensivos perdeu ritmo nesta safra e preocupa setor. | Christian Rizzi / Gazeta Do Povo
Compra de defensivos perdeu ritmo nesta safra e preocupa setor.| Foto: Christian Rizzi / Gazeta Do Povo

As compras de insumos essenciais para a próxima safra de soja do Brasil, que começa a ser plantada a partir de meados de setembro, avançaram em junho, mas o ritmo segue mais lento em relação ao ano passado, o que levanta preocupação de que alguns negócios não se realizem e de eventuais problemas logísticos nas entregas, principalmente de fertilizantes.

"Este ano estão atrasadas as vendas de fertilizantes e também de sementes e defensivos", aponta o vice-presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav), Roberto Motta. Segundo o executivo, que atua em Mato Grosso, nesta época do ano as vendas deveriam estar muito perto de concluídas. No entanto, o índice no estado está entre 60 e 70%.

Pela estimativa da Andav, pode haver também uma redução de 5% a 7% no volume de fertilizantes aplicados nas lavouras na nova safra, como estratégia dos agricultores para cortar custos.

"O travamento [fechamento de contratos] não aconteceu ainda porque não existe condição de mercado, o preço da soja é muito baixo", detalha o agricultor Adelmo Zuanazzi, de Sinop, no Médio-Norte de Mato Grosso.

O grande gargalo logístico para os insumos está na entrega de fertilizantes, que são movimentados em grandes volumes e precisam chegar às fazendas ainda na fase de preparação da terra para o plantio. Encomendas realizadas tardiamente e concentradas provocam o risco de atrasos ou de fretes muito caros no momento da entrega. "Se entrarmos em julho [com pedidos sendo realizados] podemos ter problemas de entregas de fertilizantes", diz Motta.

A lentidão do mercado de insumos em 2015 já havia acendido o sinal de alerta na indústria há alguns meses, quando ainda não era uma situação emergencial. Executivos da Yara, maior empresa de fertilizantes do Brasil, com 25% do mercado, alertaram já no fim de abril que o fechamento de negócios estava bem mais atrasado que as entregas propriamente ditas. "Ao invés de você ter três ou quatro meses já vendidos, você trabalha com dois, ou um [mês]", disse na época o diretor comercial da companhia, Cleiton Vargas.

Tropeço no créditoA expectativa de muitos agentes do mercado era que o anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2015/16, com recursos para a próxima temporada, pudesse dar elementos mais concretos para os produtores realizarem as compras de insumos.

O plano foi divulgado, porém com atraso e juros mais elevados, o que parece ter limitado o efeito positivo. "O dinheiro efetivamente ainda não chegou no mercado. Ninguém colocou a mão nesse dinheiro", disse Wilson Andreassi Filho, diretor comercial em uma empresa que realiza compras de insumos para agricultores de Goiás.

Segundo Motta, da Andav, houve movimento no mercado de insumos em junho, mas ainda acanhado. "A liberação de crédito está muito lenta. O pessoal não está vendo isso [Plano Safra] na prática. Ele está vindo para as compras, mas com muito cuidado, querendo reduzir custos", declarou.

O problema com os custos está relacionado ao câmbio, que salvou a rentabilidade das vendas de grãos da safra 2014/15, mas está encarecendo bastante as novas aquisições de fertilizantes e defensivos, em sua maior parte importados. "O produtor ficou assustado com a situação econômica do país, com inflação e juros. E também com a variação cambial e com a queda do preço da soja e do milho", indica Motta.

O dólar valorizou-se praticamente 40% ante o real nos últimos 12 meses. "O mercado [preços de insumos] subiu de 10% a 30%, em reais, desde o ano passado", avaliou Andreassi, destacando que algumas empresas repassaram menos o aumento de custos aos compradores.

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