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A queda na qualidade do café atinge os preços. Com menor volume de grão para exportação, as cotações subiram 35% nos últimos 30 dias. Na metade de junho, a saca (de 60 quilos) do tipo extra era negociada a R$ 320. Hoje, o produto não é encontrado a menos de R$ 430 a saca.

"O mercado está ansioso por grão de qualidade. Como os primeiros [lotes] estão ruins e a demanda está forte, o produto bom está mais valorizado", explica Mauricio Muruci, analista da consultoria Safras & Mercado, de Porto Alegre (RS). "Além disso, os compradores estrangeiros não querem saber do produto da safra passada, apenas da atual."

Como o país está em ano de produção alta – determinado pelo ciclo natural da cultura, em que os cafezais apresentam melhor rendimento a cada dois anos –, a estimativa é de 50,4 milhões de sacas na safra 2012/13. O volume é recorde considerando-se os últimos dez anos e 16% maior em relação à safra anterior, que foi de 43,5 milhões de sacas.

Do total, 38 milhões de sacas serão da variedade arábica e destinadas à exportação. O restante, 12 milhões de toneladas, robusta, voltada para o mercado interno. Maior produtor de café do mundo, o Brasil tradicionalmente exporta 80% da produção.

El Niño

Apesar dos investimentos realizados pelos produtores nos últimos anos em equipamentos para produzir mais e melhor, principalmente focando o mercado internacional, o volume de chuvas nos próximos meses será determinante para a produção. Há previsão de chuvas além do normal também para o segundo semestre.

Segundo Luiz Renato La­­zins­­ki, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de clima bom com pouca precipitação, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo, dois dos maiores produtores do país. "O risco está a partir de setembro quando está previsto o retorno do El Niño. Isso significa chuvas acima da média", ressalta.

Aposta reduzida

Na contramão do crescimento nacional, o Paraná registra queda na área destinada ao café e, consequentemente, na produção. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 69,5 mil hectares são usados atualmente e, um ano atrás, havia 74,8 mil hectares de cafezais. Com diminuição de 7% na extensão cultivada e previsão de queda de 3% na produtividade, a safra deve ser 10% menor, caindo de 1,85 milhão para 1,65 milhão de sacas.

Apesar do descrédito da cultura no estado, muitos produtores apostam no café. O agricultor Elói Ferri, da região de Londrina, Norte do Paraná, cresceu ajudando o pai na cafeicultura e, até hoje, mantém 7 hectares de cafezal. "Eu dei continuidade quando assumi o negócio 20 anos atrás. De dois anos para cá, o mercado deu uma melhorada", diz.

Na safra passada, Ferri chegou a receber, em média, R$ 460 por cada uma das 150 sacas produzidas. Este ano, o preço caiu para R$ 360, o que fez com que o agricultor optasse por esperar para vender a produção de 200 sacas. "Vou aguardar até o final do ano na expectativa que o preço melhore", aposta.

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