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Embarque de milho é alento para exportações do estado no segundo semestre | Fabio Scremin/appa
Embarque de milho é alento para exportações do estado no segundo semestre| Foto: Fabio Scremin/appa

A projeção do desembarque de uma enorme quantidade de fertilizante no segundo semestre no Porto de Paranaguá deve resultar em uma demurrage – multa paga pelo contratante ao dono da embarcação quando a demora no porto ultrapassa o prazo acordado – superior aos US$ 144 milhões contabilizados no ano passado. De acordo com dados da empresa de afretamento de navios Bulk Link, o tempo de espera na segunda metade do ano será, em média, de 37,5 dias, 45% maior em relação ao mesmo período do ano passado (média de 25,8 dias). Nos primeiros seis meses deste ano, a média de tempo que um navio aguardou para atracar no terminal foi de 14,6 dias.

A estimativa parte das seis milhões de toneladas de adubo previstas para desembarcar em Paranaguá, a principal entrada do produto no país, 17% a mais que no mesmo período de 2011. Segundo empresas do setor, os estoques estão quase zerados e a demanda pelo fertilizante, em virtude do plantio da safra 2012/13 que começa em setembro e segue até novembro, será acima da média.

Os tradicionais problemas como o pequeno calado e a chuva, que suspende as operações, também contribuem para o congestionamento de embarcações na baía de Paranaguá. Somado a isso, a série de greves de órgãos que atuam na liberação das operações – exportação e importação – da autarquia colaboram para a morosidade dos trabalhos. Os servidores da Receita Federal estão realizando operação-padrão, enquanto os da Anvisa atuam com o efetivo mínimo exigido por lei (30%). Esta semana, os fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Polícia Federal também cruzaram os braços.

"O dia a dia em Paranaguá é muito difícil. Quem está descarregando hoje chegou ao porto em junho. A demurrage deste ano será maior que no ano passado", afirma Eduardo Spagnuolo, diretor comercial da Bulk Link, que acompanha diariamente o andamento dos trabalhos nos principais portos brasileiros.

Ontem, o site da Appa registrava 137 navios ao largo – local onde as embarcações esperam para chegar ao cais – e 23 eram esperados para as próximas 48 horas. Cada navio custa, em média, US$ 40 mil por dia. Ou seja, apenas ontem os contratantes pagaram quase US$ 5,4 milhões para manter os navios fundeados ao largo do porto aguardando a atracação. "Teremos um segundo semestre superaquecido e do jeito que a situação está em Paranaguá, teremos longas filas", diz uma fonte do setor que prefere não ser identificada.

O tamanho da fila é 168% maior que a registrada no início de maio, quando eram 51 navios. Algumas embarcações carregadas de adubo chegaram ao litoral paranaense no dia 15 de junho, ou seja, estão a mais de 55 dias esperando para atracar.

Plantio

Com as cotações das commodities batendo recordes históricos, a expectativa é de que os agricultores brasileiros aumentem a área destinada às culturas de soja e milho. Para preparar a terra será preciso grandes quantidades de fertilizante.

"Com os altos preços internacionais, o produtor vai plantar soja até onde não pode. Além disso, existe a previsão do milho safrinha recorde. Para tudo isso vai precisar de adubo", aponta Eduardo.

A própria Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) confirma que terá de enfrentar um fluxo maior na segunda metade do ano e se prepara para abrir outros três berços de atracação até novembro, no cais público. Assim, a capacidade será elevada para até oito berços. Hoje, são cinco, sendo três em Paranaguá e dois em Antonina.

Balança do Paraná volta ao negativo

Fernando Jasper

Afetadas pela perda de ritmo dos embarques de soja, carnes e veículos, as exportações paranaenses caíram pelo segundo mês consecutivo em julho. As vendas ao exterior somaram US$ 1,49 bilhão, 3% menos que no mês anterior – e as importações superaram as exportações em aproximadamente US$ 40 milhões. Na comparação com julho de 2011, elas ficaram praticamente estáveis, com leve baixa de 0,2%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

As vendas de soja em grão diminuíram 8%, acusando algum esgotamento depois dos vários recordes batidos desde o início do ano, e os embarques de carnes recuaram 2%. As exportações de veículos e peças caíram ainda mais, quase 30%, influenciadas pela queda na demanda da Argentina – que nos meses anteriores havia importado grandes volumes do Paraná.

Em relação a 2011, porém, soja, carnes e veículos acumulam alta nas vendas ao exterior, 31%, 4% e 23%.

Perspectivas

De agora em diante, com a esperada redução nos embarques de soja – em geral mais fracos no segundo semestre –, algum alento pode vir dos embarques de milho, que se concentram na metade final do ano. De junho para julho, as exportações paranaenses do cereal quase quadruplicaram, somando 263 mil toneladas, com receitas de quase US$ 64 milhões, e volumes bem maiores são esperados para os próximos meses.

Por outro lado, os exportadores podem continuar sofrendo os efeitos das recentes greves em órgãos responsáveis pela fiscalização e desembaraço de mercadorias nos portos e aduanas.

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