Na mesma semana em que anunciou previsão de colheita de 157 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2010/11 – com avanço de 5,5% sobre o recorde do ano passado –, o governo federal confirmou que pretende colocar o pé no freio em relação ao orçamento do crédito rural. Uma demonstração de que, se o agronegócio quiser continuar crescendo, terá de arregaçar as mangas. Não poderá contar tanto com ajuda pública, pelo menos não na mesma proporção de seu avanço.

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Se não houver redução nos recursos do Plano Agrícola e Pecuá­­­rio (PAP) para o ano-safra 2011/12, a ampliação será menor que a registrada em 2010 e 2009, conforme a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Ma­­pa). Nesses últimos dois anos, os reajustes foram respectivamente de 8% e 35%.

Os recursos disponibilizados para custeio e investimento da agropecuária comercial chegaram a R$ 100 bilhões e o orçamento da agricultura familiar a R$ 16 bilhões no último plano safra. Porém, o volume é considerado insuficiente pelo agronegócio, que reclama pagar juros de mercado em mais da metade dos financiamentos e, assim, assumir um ônus extra – além dos riscos climáticos e das cotações.

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O cenário é de contenção, uma contradição se analisada a contínua expansão da produção e a crescente contribuição do setor para a economia e as exportações. Nem as obras de infraestrutura e lo­­gís­­­tica vem ocorrendo no ritmo programado.

A política de usar o agronegócio como ponto de apoio da economia, em nome de um equilíbrio interno, limita o crescimento do setor. Numa época em que se fala em dar passos largos na produção de alimentos, o recuo no orçamento do crédito rural é também uma demostração de que esse norte não está tão definido como se imaginava.