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Cerca de 300 produtores da região de Rolândia, no Norte do estado, atrasaram a colheita da cana – em um momento em que o produto rende mais de R$ 40 por tonelada com a valorização internacional do açúcar e do etanol – por força dos contratos assinados desde 2007 com a cooperativa Corol. Endividada, a empresa fechou a usina que seria usada para moagem das plantações, travando a retirada da safra do campo.

A empresa promete agora liberar a venda para outras usinas. As cerca de 800 mil toneladas devem ser distribuídas em partes iguais para a Usina Alto Alegre, a Renuka Vale do Ivaí e a Nova Produtiva, de acordo com a própria Corol.

Desde que a cooperativa admitiu estar em crise, em 2008, parte da produção de cana fica no campo e não é aproveitada, reclamam os produtores. Nesta safra, as compras foram totalmente interrompidas. Os contratos, com duração média de oito anos, forçam os produtores a entregar toda a produção à empresa.

Na metade de abril, data do ponto de corte para vários produtores, a Corol fez valer o contrato e impediu que os agricultores vendessem a safra para outras usinas da região. A estimativa é que os prejuízos podem chegar a R$ 5 mil por hectare de cana.

Um dos principais fornecedores da Corol durante anos, Odair Favali definiu a situação como "extremamente complicada". Ele possui 480 hectares da cana, mas se diz paralisado e teme prejuízo de R$ 2 milhões. "Além do problema na lavoura, enquanto esperávamos por uma definição da usina ou uma saída jurídica, tivemos de renegociar financiamentos com bancos, gastar com advogados", reclama.

Outro produtor, que não quis se identificar, diz que o quadro desestimula a produção, apesar de o setor estar em um de seus melhores momentos. "Para quem planta apenas cana de açúcar, a situação está muito difícil na região." Ele prevê reflexos na economia regional, apoiada nos canaviais.

A última semana foi de negociações. O superintendente da Corol, Celso Carlos, definiu a liberação da cana às outras usinas quarta-feira passada. Na quinta, a proposta foi passada para os produtores. As vendas ainda não foram concretizadas, mas a liberação deve ter validade também em 2011.

Para Paulo Zanetti, diretor presidente da Renuka Vale do Ivaí, a situação deve acabar sem maiores problemas. "Os produtores terão a compra de sua colheita garantida, as usinas poderão aumentar sua produção e a Corol poderá negociar futuras safras com as usinas", detalhou.

No ano passado, frente às dificuldades enfrentadas, a Corol entrou em negociação para uma fusão com a Cocamar. No entanto, houve apenas um arrendamento de parte do setor dos grãos da cooperativa, sendo que a usina ficou fora do negócio. Ainda assim, a Corol tenta melhorar sua situação e também encontrar um comprador ou parceiro para a produção de sua usina.

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