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Demanda reprimida por armazéns e expansão do crédito cria ambiente para uma onda de negócios. Empresas do setor querem serviço dobrado | Marcelo Andrade/gazeta Do Povo
Demanda reprimida por armazéns e expansão do crédito cria ambiente para uma onda de negócios. Empresas do setor querem serviço dobrado| Foto: Marcelo Andrade/gazeta Do Povo

A ampliação do crédito rural para construção de armazéns – pedido antigo do agronegócio que foi a principal novidade do Plano Agrícola e Pecuário 2013/14, anunciado na semana passada, em Brasília – permite expansão expressiva das empresas que atuam no setor. Num primeiro momento, no entanto, o crescimento da demanda irá ativar a capacidade ociosa dos fornecedores, apurou a Gazeta do Povo. As indústrias avaliam que estão prontas para atender o mercado.

“O setor tem capacidade produtiva ociosa. Além disso, não vai ocorrer demanda repentina. O modelo será em longo prazo e todos poderão se preparar”, afirma Paulo Bestolini, diretor comercial da empresa de silos Granfinale.

A burocracia para acesso ao crédito pode fazer com que os primeiros armazéns saiam só daqui um ano, trazendo pouco alívio para a safra 2013/14. Em média, o tempo para aprovação da documentação e do projeto vai de quatro e seis meses. Considerando ainda o tempo de construção dos silos ou armazéns, pode ser necessário mais de um ano.

“A medida deve refletir muito bem no mercado. Resta saber a velocidade. Acredito que os primeiros reflexos serão daqui 12 meses, tempo de maturação dos projetos”, pondera Olivier Colas, vice-presidente da Kepler Weber, líder na fabricação de equipamentos para armazenagem na América do Sul.

No total, R$ 25 bilhões em cinco anos serão destinados à construção das estruturas necessárias para redução do déficit nacional. O recurso, por meio do Programa de Sustentação de Investimento (PSI), terá taxa de juros de 3,5% ao ano e prazo de pagamento de até 15 anos.

Expansão

De olho no mercado consumidor, as empresas estão revendo suas estruturas e planos de expansão. A Granfinale projeta ampliar em 40% a produção da planta de Castro, nos Campos Gerais. A Kepler Weber estuda passar de, em média, 1,5 turno para três períodos nas suas fábricas em Panambi, no Rio Grande do Sul, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

“Isso aumentaria a produção imediatamente. A confirmar o crescimento, podemos inclusive investir em novas máquinas”, afirma o vice-presidente da empresa, Olivier Colas.

Há 10 anos no mercado, a paranaense Perfipar também pode, imediatamente, aumentar a produção da fábrica instalada em Rolândia, na Região Norte do estado. “Nossa estrutura atual permite dobrar o volume”, garante Elizeu Lima, diretor geral da companhia. Além de atender o mercado nacional, a empresa exporta para França, África do Sul e alguns países da América do Sul.

De acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil tem capacidade para armazenar 121 milhões de toneladas a granel – espaços mais comuns para estocar soja, milho e trigo, produtos que representam quase 90% da produção nacional. A produção de grãos deve passar de 190 milhões de toneladas em 2013/14. Considerando todos os tipos de armazéns, a Conab considera que o déficit atual é de 32 milhões de toneladas. Ou seja, pode ser superado com os investimentos programados. “É preciso consumir rápido [o crédito] para minimizar o problema”, defende Lima.

32 milhões de toneladas, esse é o tamanho do déficit brasileiro na armazenagem, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Projetos

Fornecedores temem frustração diante de exigências burocráticas

Apesar do anúncio de crédito específico para armazenagem ter sido comemorado pelo agronegócio, a burocracia para obtenção dos recursos pode afastar produtores interessados na construção de silos em suas propriedades. O setor sustenta que há excessos na exigência de documentos de garantias para obtenção do dinheiro e a demora na aprovação dos projetos.

“Conforme há mais dinheiro, a burocracia cresce. É preciso uma política para facilitar a tomada de crédito”, argumenta Paulo Bestolini, diretor comercial da Granfinale. “O governo poderia flexibilizar um pouco as garantias. Muitas exigências, às vezes, afastam o agricultor”, alerta o diretor da Perfipar, Elizeu Lima.

As exigências devem aumentar ainda mais, pois, agora, a obra civil (preparo do terreno para instalação do armazém) está inclusa no processo de crédito. Antes, o produtor apenas reivindicava o empréstimo para instalação da estrutura em si. A parte civil representa 50% do custo de construção dos espaços para abrigar a colheita.

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