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Buva é a principal ameaça no Brasil e afeta Sul e Centro-Oeste | Josua© Teixeira/gazeta Doa€‰povo
Buva é a principal ameaça no Brasil e afeta Sul e Centro-Oeste| Foto: Josua© Teixeira/gazeta Doa€‰povo

Identificar o inimigo, selecionar as melhores armas, atacar de forma impiedosa. A agricultura recorre a táticas militares na batalha para vencer as plantas daninhas resistentes a herbicidas. Nos principais polos produtores dos hemisférios Norte e Sul cresce a pressão de ervas voluntárias que sobrevivem ao glifosato – principal químico utilizado mundialmente para controle dessas espécies. Apostando em técnicas de manejo e novas variedades de defensivos e sementes, produtores, técnicos e a indústria unem forças para evitar que o problema ganhe escala.

Mesmo com uma baixa população, o impacto dessas plantas na lavoura tem alto potencial de prejuízo. No caso da buva (Conyza spp), a presença de seis pés por metro quadrado é suficiente para reduzir em até 50% a produtividade da soja, indica o pesquisador da Embrapa Soja, de Londrina (Norte do Paraná), Fernando Adegas.

Com o primeiro caso registrado em 1957, a resistência a herbicidas é um problema antigo, mas que deixou de preocupar nas últimas décadas, contextualiza Adegas. A popularização de cultivos geneticamente modificados tolerantes ao glifosato (RR) intensificou o uso do químico, dando margem para que o problema voltasse, detalha. “O glifosato é uma ótima tecnologia, mas quando um mecanismo começa a ser utilizado em grande escala isso favorece o aparecimento de plantas resistentes.”

Nos países que adotaram às sementes RR primeiro o problema é maior. Estudos privados revelam que nos Estados Unidos cerca de 28 milhões de hectares em culturas de soja, milho e algodão enfrentam problemas com a resistência das plantas daninhas. O índice corresponde a 28% da área norte-americana dedicada aos três produtos. Os pesquisadores já identificaram 14 espécies diferentes que não sucumbem ao glifosato, num total de 148 que toleram algum tipo de herbicida.

Para o professor Pedro Jacob Christoffoleti, pesquisador da Universidade de São Paulo, o exemplo estadunidense reforça a importância do tema no Brasil. “Se não forem tomadas medidas adequadas, esse problema pode ficar mais sério. Ainda não existem muitas alternativas para fazer o controle dessas ervas”, revela.

A estimativa dos pesquisadores é de que pelo menos 30% da área nacional dedicada à soja (ou 9 milhões de hectares) estejam expostos a essas plantas, em uma zona de abrangência que congrega pelo menos oito estados (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais). Os técnicos já identificaram seis espécies tolerantes ao glifosato, num total de 33 que sobrevivem a algum tipo de herbicida.

Na busca de alternativas, Christoffoleti indica três caminhos. O primeiro é mesclar o uso do glifosato com outros herbicidas, alternativa considerada onerosa pelos produtores. Outra opção é praticar a rotação de cultivares, alternando entre variedades RR e convencionais. Por fim, no longo prazo, outra saída é recorrer a eventos geneticamente modificados para tolerar mais de um defensivo químico. “Hoje isso pode representar um custo adicional, mas no longo prazo o benefício gerado acaba sendo maior”, complementa.

Glifosato: Capim-branco entra na lista de ervas resistentes

Subiu para seis o número de plantas daninhas resistentes ao glifosato no Brasil – e para 29 em todo o mundo. Conhecido cientificamente como Chloris elata, o capim-branco passou a essa condição a partir de estudo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade de São Paulo, em parceria com especialistas internacionais.

Com ponta esbranquiçada e estatura mediana, a descoberta ocorreu após reclamações de produtores do Paraná. “Foram coletadas 87 amostras para testes científicos e duas delas apresentaram resistência”, aponta o professor Pedro Jacob Christoffoleti, que participou do estudo.

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