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Foco das discussões sobre o futuro do agronegócio há uma década, a questão da sustentabilidade está finalmente ganhando sentido prático – o que lhe dá sobrevida por tempo indeterminado. Foi o que mostraram os debates entre pesquisadores de instituições públicas e privadas realizados no Top Ciência, evento promovido pela Basf em Campinas (SP), na última semana.

Nas últimas três décadas, as emissões dos gases do efeito estufa, as mudanças climáticas e a responsabilidade social se sucederam como temas das cobranças ao agronegócio. Desde os anos 2000, a busca pelo que se definiu como "sustentabilidade" promete atender essas preocupações. Isso numa fase de contínua ampliação da produção de alimentos, diante da previsão das Nações Unidas de que a população mundial, que atingiu 7 bilhões de pessoas em 2011, continua crescendo e só deve se estabilizar por volta de 9,5 bilhões, após 2050.

O conceito de sustentabilidade, que abrange das questões ambientais aos custos de produção, passou a algo mais concreto com a adoção de metologias que medem os impactos ao ambiente, gargalos logísticos e a viabilidade das fazendas. Ainda não se chegou a um sistema consensual porque as unidades produtivas diferem de uma região para outra, disse Eduardo Leduc, vice-presidente sênior a Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para a América Latina. Porém, as metodogias chegam a diagnósticos que indicam com precisão os pontos fracos de cada área.

Interessa à Basf, é claro, mostrar que o consumo de agrotóxicos – necessário à produção em escala – fica bem atrás de outros fatores enquanto ameaça à produção sustentável. Porém, na prática, as avaliações das fazendas permitem correções em todos os sentidos e são consideradas um primeiro passo para a certificação das unidades produtivas.

As ferramentas que a Basf aplica para avaliar se uma propriedade é sustentável seguem critérios sócioeconômicos, ambientais e de produção. Tecnicamente, apontam formas de o produtor reduzir os impactos ambientais e gastos financeiros. Para uma fazenda de Mato Grosso, por exemplo, isso é possível com a diminuição do impacto do transporte da produção, que viaja até 2 mil quilômetros até os portos. Para áreas próximas de portos de exportação e indústrias, o aproveitamento de resíduos e o racionamento do uso de agroquímicos assumem esse papel.

"Os problemas da agricultura estão cada vez mais complexos. Teremos que ter uma visão mais holística, do início ao fim de cada cadeia", disse Maurício Russomano, vice-presidente de Proteção de Cultivos da Basf no Brasil. "Sustentabilidade não é uma onda. Trata de um portfólio como um todo, de uma cadeia de valor", acrescentou Leduc.

Principal convidado do Top Ciência, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso avaliou que o Brasil tem avançado muito em pesquisa e precisa continuar nesse caminho para ganhar sustentabilidade. Antes da estruturação dos programas de pós-graduação, "quem fazia doutorado tinha a foto publicada em jornal", citou. Por outro lado, FHC avalia que ainda é necessária maior aproximação entre universidades, empresas e governo.

O jornalista viajou a convite da Basf

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