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Os produtores das cinco regiões percorridas pela Expedição Caminhos do Campo reclamam de aumento nos custos de produção. Eles afirmam que os fertilizantes estão sofrendo reajustes contínuos e devem consumir parte do lucro desta safra. O fenômeno desafia a lógica do mercado, uma vez que cerca de 60% da matéria-prima do produto é importada e o dólar sofreu desvalorização diante do real no período. "O adubo está sendo vendido por preços até 30% mais altos que os da safra passada", afirma o produtor e líder sindical de Pato Branco, Eucir Brocco.

As estatísticas oficiais confirmam aumento de até 26%, mas indicam que, considerando toda a cesta de produtos necessária ao cultivo, os custos não tiveram aumento significativo. Esses índices, no entanto, refletem o mercado até agosto. Em setembro, segundo os produtores, houve novos reajustes.

Os números viram cifras astronômicos nas contas das cooperativas. A CVale, com sede em Palotina (Oeste), informa que seus 5,5 mil associados vão gastar R$ 4 milhões a mais que no ano passado. Segundo o engenheiro agrônomo Dirceu Fruet, supervisor do Departamento Agronômico, os reajustes afetam tanto a soja quanto o milho. Ele afirma que, considerando a queda nos preços de alguns agrotóxicos, a despesa extra fica em R$ 2,8 milhões.

Motivos

As justificativas das indústrias vão da dificuldade na produção de matéria-prima por fatores climáticos à empolgação do setor produtivo, que ampliou a demanda por insumos. A lei da oferta e procura é o argumento mais aceito pelos órgãos oficiais brasileiros. No entanto, o caso não foi investigado.

"Se a perspectiva dos preços dos grãos não fosse tão favorável, a pressão em relação ao reajuste dos preços seria maior e a discussão talvez fosse adiante", afirma a agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura, Margorete Demarchi. "Os reajustes são pouco significativos", avalia o gerente de Custos e Produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Asdrú-bal de Carvalho Jacobina.

Além da elevação nos custos dos fertilizantes, os produtores afirmam que outros fatores tendem a elevar seus gastos. Um deles é aumento previsto para o preço do diesel a partir de janeiro. O produto terá adição de 2% de biodiesel, mas ainda não há matéria-prima para produção desse combustível nos mesmos patamares de preços do petróleo. A própria soja deve ser usada como alternativa enquanto são desenvolvidas outras fontes de óleo vegetal. Com a oleaginosa em alta no mercado, a expectativa é de aumento no diesel, afirma Amélio Dall’Agnol, especialista no assunto da Embrapa Soja.

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