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Foz do Iguaçu - O alto custo da cultura de algodão pode ameaçar a posição do Brasil no ranking dos maiores exportadores do produto. Quinto maior produtor e quarto maior exportador, o país concentra também um dos maiores índices de produtividade mundial, com cerca de 6 toneladas por hectare. Apesar disso, a área cultivada caiu 20% no último ano, ficando abaixo da linha de 1 milhão de hectares. No Paraná, a área não chega a 7 mil hectares, menos de 1% da ocupação de 40 anos atrás.

Caso as novas tecnologias e as políticas de mercado – incluindo investimento em transporte e redução da carga tributária – não consigam reduzir os elevados custos de produção, estima-se que em cinco anos o algodão torne-se inviável no Brasil, a exemplo do que aconteceu nas décadas de 70 e 80. "Arrasado pelo bicudo e envolto em problemas fundiários, o algodão teve sua derrocada nos anos 90, com a política de abertura do presidente Fernando Collor, que reduziu de 70% para zero a alíquota de importação da pluma estrangeira", lembra o pesquisador da Embrapa, Napoleão Beltrão.

O cenário preocupante pode voltar a assolar os cotonicultores brasileiros, substituindo o título de grande exportador pelo de importador. Cara e sensível, a cultura do algodão tem boa parte dos custos na aplicação de herbicidas e inseticidas. Na mesma esteira, o escoamento da safra e a conseqüente fixação no mercado externo ainda esbarram na inoperância logística.

Nesse contexto, o cultivo do algodão adensado – derivado de uma técnica pesquisada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) há oito anos – surge como alternativa. No ano passado, em cerca de 7 mil hectares das terras cultivadas com algodão em Mato Grosso, Bahia, Goiás e Paraná foi empregada a nova tecnologia.

"Com um ciclo de lavoura menor, o adensado exige menos aplicações de defensivos agrícolas. Isso tem ajudado a reduzir os custos em até 30%, com produção semelhante e, em alguns casos, até maior", comentou Almir Mon­­tecelli, presidente do Con­gresso Brasileiro de Algodão, realizado na semana passada em Foz do Iguaçu. Outra vantagem, explica, é a possibilidade de o produtor explorar duas lavouras no ano, intercalando com a soja ou o milho.

Devido à necessidade da alta tecnificação, o adensamento se mos­­tra mais vantajoso aos médios e grandes produtores. Já para os pequenos, o algodão transgênico – que exige menos cuidados e ga­­rante maior eficiência no combate de pragas – é o mais indicado.

Mais cauteloso, Beltrão lembra que as tecnologias, tanto a do adensamento como a dos transgênicos, são muito novas e ainda há muito a ser pesquisado, testado e avaliado. "Os resultados têm sido muito bons, mas a técnica não está acabada e a mudança não será fácil. Em quatro ou cinco anos, talvez tenhamos um sistema mais organizado", projeta.

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