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As geadas da semana passada danificaram 18% das 365 milhões de toneladas de cana-de-açúcar remanescentes na safra 2013/14 na região no Centro-Sul do Brasil, potencialmente reduzindo a produção no maior exportador mundial de açúcar, segundo a consultoria Datagro.

O presidente da Datagro, Plínio Nastari, afirmou à Reuters que geadas severas entre os dias 24 e 25 de julho em algumas áreas produtoras, principalmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul, podem ter destruído campos inteiros, que poderão ter que ser replantados.

"Nós ainda não sabemos quanto das 365 milhões de toneladas foram perdidas. Deveremos saber em cerca de uma semana", disse Nastari. "Ainda precisamos testar o quão profundamente a geada impactou a cana. Um campo nem sempre é afetado de maneira uniforme."

"O dano mais sério dos dois dias de geadas ocorreu sobre 70% a 80% da cana no Paraná e em Mato Grosso do Sul", disse Nastari. Ele acrescentou que 15 a 16 milhões de toneladas no Paraná e outros 16 a 18 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul foram seriamente afetados.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta para os dois estado uma produção de 90 milhões de toneladas de cana na atual temporada. A colheita no Centro-Sul do país já foi realizada em 40% das áreas.

Nastari disse ainda que cerca de 30 milhões de toneladas de cana no Vale do Paranapanema, em São Paulo, também foram afetadas, mas em menor escala com apenas algumas baixadas sendo atingidas por geadas. "Em alguns casos os brotos foram atingidos e precisarão ser replantados ou irão perder produtividade quando crescerem, por isso o impacto desta geada vai prosseguir até a próxima temporada", ele acrescentou.

A estimativa oficial das indústrias de cana do Centro-Sul é de uma colheita de 590 milhões de toneladas. Nastari ressaltou que não há problema se as usinas começarem a colheita logo após a morte da planta. Mas neste caso, a geada foi extensa demais no Paraná e em Mato Grosso do Sul. "A gema é o centro do crescimento da planta de cana. Quando a geada mata a gema, ela para de crescer e começa a morrer", disse o especialista.

"Será difícil para as empresas conseguirem colher esses canaviais antes que as plantas comecem a apodrecer", disse. "Os custos vão aumentar agora, porque elas vão tentar colher no maior número de frentes para tentar recolher a cana afetada antes que ela apodreça. Isso vai exigir grande movimentação de maquinário, o que eleva custos."

Nastari afirmou ainda que a combinação de frio e um período de chuvas alterou a combinação normal de açúcares na cana. "Agora nós temos mais glicose e frutose e menos sacarose na cana, por isso as usinas vão elevar a produção de etanol em detrimento do açúcar porque será mais difícil conseguir a cristalização."

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