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A soja transgênica ultrapassou a convencional nesta safra e atingiu 60% de cobertura nas lavouras, conforme os números apurados pela Expedição Safra 2008/09. O índice era de 49% na safra passada. Essa expansão de 11 pontos já considera o aumento na área plantada, que passou de 4 milhões para 4,1 milhões de hectares.

No primeiro ano da sondagem realizada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), na safra 2006/2007, a semente geneticamente modificada (GM) cobria 47% da área de 3,96 milhões de hectares. Era a primeira safra oficial, após da liberação comercial da tecnologia, com sementes transgênicas legalizadas.

No ciclo atual, a nova pesquisa da Expedição mostra que a transgenia se firma como opção no manejo de ervas daninhas. Os produtores e especialistas ouvidos pelas equipe de campo (técnicos e jornalistas) são unânimes em relação a essa tendência. Eles afirmam que a soja transgênica cresce sempre que as variedades mais produtivas de cada região ganham sua versão GM. Por outro lado, não consideram a opção definitiva. Se a soja transgênica tem custo maior, o produtor tende a voltar à soja convencional a partir do momento em que consegue controlar as pragas com o uso de glifosato, tolerado pela soja modificada.

A expansão da soja GM foi mais forte no Oeste e no Sudoeste, disse o pesquisador da Embrapa Soja, sediada em Londrina (Norte), Lineu Domit, do setor de Transferência de Tecnologia. Em sua avaliação, o fato de os produtores dessas regiões darem preferência à soja de ciclo curto favoreceu a semente transgênica. Com a chegada de uma diversidade cada vez maior de soja modificada ao mercado, o produtor deverá se guiar basicamente pelo custo, apontou.

A disponibilidade de sementes transgênicas adaptadas ao clima da região Centro do Paraná também melhorou, segundo a Agrária, de Entre Rios. Seus 540 cooperados cultivam 69 mil hectares de soja, praticamente a mesma área do ano passado. A participação das sementes transgênicas aumentou de 16% para 40%, conforme a cooperativa. As convencionais têm a preferência na região porque ainda apresentam produtividade mais elevada, além de parte da produção receber um prêmio (valor diferenciado de venda).

A facilidade no controle de ervas daninhas tem peso maior no Centro-Sul. Em Palmeira, segundo a Coopagrícola, com sede em Ponta Grossa, predominam os grãos transgênicos. O uso de variedades geneticamente modificadas ocorre em 79% da área da cooperativa nesta safra, ante 80% na anterior, já considerando a redução da área total, que foi de 2,7% (de 28,9 mil para 28,1 mil hectares de soja). Essa foi exatamente a mesma tendência verificada pela Batavo, de Carambeí, que tem 20% de 66,3 mil hectares com variedades transgênicas: a área total caiu 2,7% e a de soja manteve sua proporção, de um quinto.

O produtor Manoel Henrique Pereira, cooperado da Batavo em Palmeira, explica que o produtor da região não pode focar só a produtividade. Ele planta apenas soja transgênica, alegando que economiza no uso de herbicidas e beneficia o ambiente. Nonô Pereira associa o grão GM ao plantio direto na palha e à rotação de culturas e diz que, assim, tem mais sustentabilidade na lavoura. O controle sobre as ervas daninhas lhe permite plantar soja na mesma época em que colhe o trigo, dependendo apenas da umidade.

Para o agricultor José Armando Gafuri, de Toledo, na Região Oeste, a opção é custo e manejo. Todo verão ele cobre seus 50 hectares com soja e há três anos só planta sementes GM. "Não conseguia controlar o mato. Só comecei a me sair bem depois do transgênico", relata.

GM free

Existem agricultores atentos às novas tecnologias, mas que ainda plantam, exclusivamente, soja convencional. Ivo Arnt, de Tibagi (Campos Gerais), explica que atende a um nicho de mercado que prefere a semente tradicional. Ele conta ainda que não tem problemas graves com ervas daninhas. Alcança 3,2 mil quilos por hectare. Com boa produtividade e relativo controle do mato, Eduardo Caldeirão, de Sertanópolis (Norte), também reserva seus 100 hectares de soja à semente convencional. Nesta safra, ele pretende colher 3,4 mil quilos por hectare.

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