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Após uma redução de quase 300 milhões de toneladas na produção mundial de soja e milho nas últimas duas temporadas, o mercado de grãos atravessa tempos difíceis. O aperto na oferta em meio a uma demanda aquecida complica o abastecimento global e sugere que, mesmo depois de altas sucessivas nos últimos meses, os preços internacionais dos dois produtos podem ainda não ter alcançado seu pico.

Em julho, quando a seca começou a deixar suas marcas na safra norte-americana 2012/13, analistas cogitavam a possibilidade de as cotações do milho romperem pela primeira vez na história a barreira dos US$ 10 por bushel (25,4 quilos) e as da soja de chegarem à inédita marca de US$ 20 por bushel (27,2 quilos) na Bolsa de Chicago. De lá para cá, quase 120 milhões de toneladas de grãos foram perdidas no país e agora, dois meses depois, muitos desses especialistas afirmam que atingir essas marcas históricas já não é uma questão de "se", mas de "quando".

"Eu diria que não só é possível, como é bastante provável", crava Alvaro Ancêde, analista brasileiro à frente do The Laifa Group, em Chicago (EUA). Na sua avaliação, o mercado internacional vive há dois anos um ciclo de altas nas cotações e, para encerrar esse ciclo, o mundo precisaria de ao menos duas boas safras capazes de recompor os estoques, que, segundo ele, estão "virtualmente zerados" atualmente. "Se isso ocorrer, podemos não ver preços tão altos quanto os atuais nos próximos 10 anos", prevê.

O avanço da colheita nos EUA deve arrefecer um pouco o movimento de alta, mas a tendência é que os preços continuem sustentados até a entrada da próxima safra sul-americana no mercado, a partir de fevereiro, considera Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná. Até lá, afirma o especialista, as cotações as soja devem oscilar entre US$ 16 e US$ 17 por bushel e os preços do milho tendem a variar entre US$ 7 e US$ 8 por bushel em Chicago.

Com clima favorável, o Brasil, sozinho, tem potencial para colher ao menos 80 milhões de toneladas da oleaginosa e 70 milhões de toneladas do cereal, volume suficiente para "dar uma boa folga nos estoques" e obrigar o mercado a recuar dessas máximas, analisa Stefanelo. "Na temporada passada, a América do Sul perdeu 40 milhões de toneladas de soja e 140 milhões de toneladas de milho. Se a safra 2012/13 for cheia e toda essa produção ‘voltar ao mercado’, a soja deve cair a US$ 14 por bushel e o milho a US$ 6,5, preços ainda muito superiores à média histórica."

Para não perder os picos de preço, Stefanelo aconselha o produtor paranaense a vender aproximadamente 40% da safra que será colhida no ano que vem até dezembro. Segundo ele, não é prudente comprometer uma parcela ainda maior da colheita porque, mesmo com boa produção, a ação especulativa dos fundos de investimento tende a manter as cotações da soja e do milho sustentada em níveis elevados. "O governo norte-americano está botando dinheiro no mercado e, como os títulos públicos oferecem juros baixos e as ações têm volatilidade muito alta, parte desses recursos certamente vai para o mercado de commodities", explica.

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