Equipamentos e máquinas usadas em lavouras de cana tiveram menos compradores| Foto: Divulgaa§a£o/agrishow

A indústria de máquinas agrícolas faz ajustes tentando evitar queda brusca no faturamento em relação aos recodes de 2013. As principais fabricantes reconhecem que o ritmo dos negócios diminuiu, mas administram a questão sem pessimismo. Ajustes na operação das fábricas, portfólio ampliado e oferta de produtos com maior valor agregado são estratégias para atenuar os efeitos da redução na demanda. Os prognósticos foram traçados durante a 21ª Agrishow, maior feira do gênero no Brasil, realizada na semana passada em Ribeirão Preto (SP).

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Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que nos três primeiros meses de 2014 houve queda de 21,3% nas vendas do setor agrícola, com 14,9 mil unidades comercializadas. Milton Rego, vice-presidente da entidade, reconhece que “o mercado está em viés de baixa”, mas pondera a comparação direta com o resultado de 2013. Ele lembra que, na época, boa parte das compras foi financiada a juro de 2,5% ao ano via Finame – linha de crédito subsidiada pelo governo e que, atualmente, tem taxa de 4,5% a.a. “Por enquanto nossa previsão é de estabilidade, mas talvez os números sejam revisados para baixo após a colheita da safra de inverno”, cogita.

Os fabricantes apresentaram na Agrishow produtos de porte maior, com tecnologias agregadas – e preço superior. A promessa de redução nos custos operacionais e agilidade no trabalho de campo prevalece. “Num cenário de mão de obra escassa e janelas de plantio e colheita cada vez menores, essas máquinas fazem a diferença para o produtor”, aponta Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina. A empresa avalia que no longo prazo o ritmo de negócios vai voltar a crescer.

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O leque de produtos disponíveis aos agricultores também está maior. “Com um aumento no portfólio e um ajuste nos preços, pode-se reduzir o impacto da queda nas vendas no faturamento do ano”, constata o vice-presidente da New Holland para a América Latina, Alessandro Maritano. Ele calcula uma redução de até 10% nas vendas em comparação com 2013, mas acredita que o impacto sobre o resultado financeiro será menor. A empresa apresentou cortador de grama e novos modelos de tratores na feira.

Oferta ajustada

A estratégia de 2014 inclui ajustes na oferta. Pertencentes ao grupo AGCO, a Valtra e a Massey Fergunson confirmam que a fabricação de máquinas diminuiu em aproximadamente 10%. “Não cortamos os investimentos, mas freamos a produção”, indica o diretor comercial Carlito Eckert.

O quadro cria ociosidade, conforme o presidente da John Deere, Paulo Herrmann. “Temos capacidade industrial para fazer mais do que estamos fazendo atualmente e mais do que foi feito em 2013.”

Faturamento de R$ 2,7 bilhões foi limitado pela crise sucroalcooleira

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O balanço da 21.ª Agrishow indica desempenho superior ao registrado em 2013. Conforme os organizadores, o valor total dos negócios originados no evento subiu 3,8%, para R$ 2,7 bilhões, enquanto o público participante teve acréscimo de 5,3%, alcançando 160 mil pessoas. Os números, no entanto, poderiam ser maiores. A crise do setor sucroalcooleiro teria limitado as vendas de máquinas.

Na avaliação de Maurilio Biagi Filho, presidente da Agrishow, o crescimento na receita ocorre mesmo com queda na quantidade de máquinas vendidas. “Foram comercializadas máquinas de maior valor agregado, o que possibilitou o aumento”, declarou, em coletiva de imprensa. Em seu último ano à frente do evento, Biagi Filho destacou os avanços da feira em termos da infraestrutura.

Além do aspecto financeiro, o dirigente valorizou a Agrishow enquanto espaço político, com a presença de pré-candidatos à presidência e ao governo do estado de São Paulo. A presidente Dilma Rousseff não compareceu a Riberão Preto, mas foi à Expozebu, em Uberaba (MG). E acabou recebendo críticas nas duas feiras.

O jornalista viajou a convite da Mecânica da Comunicação.