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O apagão logístico causado pela passagem do furacão Isaac no Sul dos Estados Unidos deve prejudicar as exportações de grãos do país e fazer com o mercado retorne do final de semana prolongado sob pressão na Bolsa de Chicago. Os preços da soja e do milho tendem a responder com baixas aos números que serão apresentados na terça-feira pelo departamento de Agricultura norte-americano (USDA) em seu relatório de inspeção de embarques. Geralmente divulgado às segundas pelo órgão, o anúncio do documento foi adiado devido às comemorações do Dia do Trabalho, que mantém as bolsas fechadas amanhã.

Nesta semana, as tempestades e ventos fortes trazidos pelo Isaac obrigaram tradings exportadoras de grãos como ADM e Cargill a fechar suas unidades de armazenamento no estado de Louisiana e levaram a Guarda Costeira dos EUA a suspender as operações no complexo portuário de Nova Orleans. A paralização provocou um congestionamento de mais de 100 barcaças no rio Mississippi. O fluxo na principal via de escoamento da produção de grãos norte-americana, responsável por cerca de 60% do das exportações de soja e milho do país, já estava comprometido por causa da seca e das temperaturas recordes que fizeram com que o volume de água do rio baixasse para o menor nível em 50 anos.

Na semana passada, os EUA já haviam amargado uma redução de 20% nos seus embarques de grãos (- 34% no milho e -19% na soja). Na próxima semana, devem registrar nova queda. O desaquecimento, aliado às chuvas que continuam caindo sobre as áreas mais secas do Corn Belt, deve fazer com que as cotações da soja e do milho continuem se distanciando das máximas alcançadas em agosto.

Impulsionados por notícias de que as perdas na safra norte-americana são maiores do que as estimadas pelo USDA no início do mês, os dois grãos bateram recordes de preço nas últimas semanas. O bushel de milho, que foi a US$ 8,3025 na metade do mês, terminou a semana passada valendo US$ 8,0275 na Bolsa de Chicago. Após avançar ao maior valor da história (US$ 17,7025 bushel) na última quinta, a soja encerrou a jornada no terreno negativo, cotada a US$ 17,6450.

A retração, contudo, tende a ser momentânea. Depois de três quebras de safra consecutivas, os EUA estão sendo obrigados a racionar o consumo para evitar dificuldades no abastecimento de grãos. Reduzidos a níveis críticos, os estoques do país são suficientes para suprir aproximadamente dois meses de consumo, aperto que deve obrigar os maiores exportadores de soja e milho do mundo a recorrer ao Brasil para se abastecer durante a entressafra, a partir do segundo trimestre do ano que vem.

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