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O comportamento do mercado do leite em 2010 tem deixado os produtores e consumidores confusos. Em um ano totalmente atípico, os preços oscilaram às avessas, baixando no inverno e subindo no verão. Neste último trimestre, as cotações voltam a ganhar impulso em pleno início de safra.

Intensas no campo, as oscilações foram ainda mais fortes no varejo. O litro do leite, que chegou a subir mais de 30% ao produtor, subiu mais de 40% nos supermercados do Paraná nos primeiros seis meses deste ano. O caminho de volta dos preços, a partir de maio, foi igualmente conturbado, com quedas de, respectivamente, 7% e 18%, conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os atuais reajustes seguem a mesma lógica: com peso maior para o consumidor.

O litro do leite longa vida, que custava cerca de R$ 1,50 no começo de 2010, superou R$ 2 em Curitiba em maio. Atualmente, após sete meses de queda, custa em média R$ 1,60, segundo acompanhamento realizado pelo serviço Disque Economia, da Prefeitura. Ao produtor, a indústria paranaense, que chegou a pagar mais de R$ 0,80 pelo alimento, hoje oferece menos de R$ 0,70. Apesar de superar em até 30% a cotação vigente no campo nesta mesma época do ano passado, o valor atual é inferior ao custo de produção, estimado em R$ 0,71/litro pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Por trás das oscilações, os efeitos do clima. O La Niña mexeu com a oferta e bagunçou o planejamento da indústria e do produtor. "O clima foi o grande balizador do mercado do leite no segundo semestre de 2010. O tempo seco atrasou a implantação das pastagens de verão no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país e, com isso, o aumento na captação, que costuma começar em agosto, neste ano teve início apenas em novembro. Esse atraso manteve as cotações firmes durante a entressafra, quando deveriam cair", relata Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da consultoria Scott.

"São várias hipóteses que podem explicar a média de bons preços pagos ao produtor neste ano, entre elas o clima. Há quem diga que o preço subiu porque o mercado pensou, de forma equivocada, que faltaria leite", observa Henrique Costales Junqueira, gerente da Castrolanda.

A situação atual é parecida com a do início do ano, quando, prevendo dificuldade de abastecimento, a indústria elevou os preços pagos ao produtor. Mas a expectativa não se confirmou. "Entramos em 2010 com estoques altos e produção crescente. Só no primeiro semestre, a captação de leite aumentou 10% no Brasil", lembra. Na avaliação do analista, o clima desfavorável no início do segundo semestre irá comprometer o crescimento da produção brasileira, que deve ser de apenas 2% em 2010.

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