A alta do milho no mercado internacional tem estimulado a venda antecipada da safrinha, que ainda está na fase inicial de desenvolvimento. Até mesmo no Paraná, onde os produtores historicamente deixam para comercializar quase toda a safra de soja após a colheita e raramente vendem o cereal com antecedência, as ofertas de compras para o inverno estão sendo lançadas por cooperativas, cerealistas e tradings. Hermelino No­­­gueira, gerente de comercialização Agrocen, explica que o comportamento é atribuído a um receio dos compradores em relação ao abastecimento do milho, além de uma precaução a novas altas no preço. "Queremos garantir o abastecimento", explica, sem revelar o volume já comprado pela empresa até agora.

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Com propostas de preço em torno de R$ 25 a saca, os produtores se mostram animados a fechar negócios. O que os impede é o clima. "Há risco de seca e geada para este ciclo. Por isso, decidi vender uma pequena parte", conta o agricultor londrinense Arthur Bordini que, enquanto conversava com a reportagem, negociava com Nogueira a venda de 5 mil sacas de milho para pagamento em setembro de 2011. Esta foi a primeira vez que o produtor paranaense negociou milho safrinha antecipadamente.

Na esteira do mercado internacional, que já acumula alta de mais de 100% nos últimos 12 meses, os preços domésticos avançam mesmo em meio ao real valorizado. Segundo Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado, as indicações de preço para a safrinha paranaense teriam subido da casa dos R$ 25 para até R$ 27 a saca nas últimas semanas. "Chicago explodiu, mas o mercado interno não subiu tanto", diz sobre o avanço, que é considerado modesto quando comparado à alta registrada na Bolsa de Chicago, mas suficiente para estimular o aumento da área de cultivo do cereal de inverno brasileiro.

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A antecipação das vendas do milho safrinha não ocorre apenas no Paraná. "As empresas já nem procuram mais soja. Só fazem contrato com milho", relata Jaime Coradini, produtor de grãos em Primavera do Leste, no Sul de Mato Grosso. Levanta­­mento da Safras & Mercado mostra que, em todo o Brasil, perto de 2 milhões de toneladas do cereal, o equivalente a 9% da produção prevista para a safrinha, estariam comprometidos com o mercado exportador.