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Dois leilões públicos vão movimentar o mercado de milho de Mato Grosso nesta semana. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pretende negociar 1 milhão de toneladas do cereal de Mato Grosso com subsídio, por meio de contratos de opção e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão autorizados a participar do certame, gerando preocupação no Paraná, que teme uma redução nas cotações regionais.

Os dois leilões seriam realizados amanhã, mas foram adiados para sexta-feira (22). Serão disponibilizadas 250 mil toneladas do produto via repasse de contratos de opção de milho feitos em Mato Grosso. Conforme o Mapa, o objetivo principal da operação é atender suinocultores e avicultores do Nordeste e Sudeste do país, que dependem de importação para satisfazer a demanda.

O volume mais expressivo, de 800 mil toneladas, será negociado via Pepro. Como Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão autorizados a participar dessa modalidade, parte do milho mato-grossense pode ser deslocada para o Sul do país. “Os dois estados poderiam comprar milho do Paraná e esses leilões tendem a pressar os preços aqui”, aponta Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Turra relata que a inclusão do milho do Paraná nos leilões de Pepro não resolveria o problema. “Nesses leilões o produtor recebe o preço mínimo, que é inferior à cotação atual do milho no Paraná”, salienta. O índice oficial, levado em conta pela Conab, é de R$ 17,46 por saca, enquanto a média do produto no estado está em R$ 18/sc, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

O Paraná ainda não vendeu metade da safra de inverno. Isso significa que perto de 5 milhões de toneladas de milho podem ter seu valor depreciado pelos leilões do governo federal, num momento em que a cadeia das carnes admite que sua relação custo versus cotação já melhorou substancialmente.

Para a Federação de Agri­­cul­­­tura do Paraná (Faep) o go­­­ver­­no federal não tem dado atenção aos pleitos do estado. “O preço mínimo não corresponde ao custo de produção e precisaria ser revisto”, avalia Pedro Loyola, economista da instituição. Para a safra 2013/14 a Conab elevou em 1,2% o valor mínimo, para R$17,67 por saca.

Recuo na produção depende de exportações e de apostas no trigo

A Expedição Safra Gazeta do Povo apurou nas últimas sema­­nas que, de Mato Grosso ao Paraná, os produtores estão decepcionados com a rentabilidade do milho. A maioria reduz a área plantada no verão. Por outro lado, as exportações além do previsto podem sustentar preços e redimensionar essa tendência.

Dois fatores mostram-se decisivos. O Brasil começou o ano apostando em exportações próximas de 15 milhões de toneladas, mas deve confirmar embarque de mais de 20 mil milhões de t. As cadeias das carnes bovina, suína e aves contro­­laram a produção e agora, diante de uma demanda firme, regis­­­­tram bons preços, o que pode estimular o consumo de rações. O milho vem sendo considerado um investimento arriscado inclusive na comparação com o trigo. O cereal do pão vale R$ 44 no Paraná – R$ 10/sc a mais do que há um ano. Quem não enfrentou quebra climática lucra mais do que nos últimos anos. Para que a safra nacional chegue a 78 milhões de toneladas de milho (verão e inverno), o setor terá de contar com clima favorável até julho de 2014. As projeções privadas que já consideram uma safrinha reduzida apontam para 75 milhões de toneladas.

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