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Mesmo com redução no terreno, estado do Centro-Oeste deve se manter na liderança da produção nacional | Hugo Harada / Gazeta Do Povo
Mesmo com redução no terreno, estado do Centro-Oeste deve se manter na liderança da produção nacional| Foto: Hugo Harada / Gazeta Do Povo

A forte desvalorização do milho no mercado interno brasileiro deve desmotivar o plantio da segunda safra do grão (2013/14) nos dois principais estados produtores. Mato Grosso, líder nacional no milho de inverno, sofre excesso de oferta do produto, falta de estrutura para armazenagem e, principalmente, com o mercado comprador retraído.

O primeiro levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado nesta semana, aponta para uma colheita de 16, 34 milhões de toneladas do cereal, volume 27% menor do que as 22,5 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado. A projeção está abaixo da divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê colheita de 19,3 milhões de toneladas de milho para o Mato Grosso na segunda safra.

O recuo na área plantada, segundo o Imea, será de 9,3%. O estudo aponta ainda queda de 20% na produtividade das lavouras ante o inverno da temporada 2012/13, considerando as médias dos últimos anos. Segundo o Imea, os rendimentos locais devem ficar em 81 sacas por hectare, contra 101 sacas retiradas dos campos no ciclo 2012/13.

“Os investimentos com insumos, sobretudo, com sementes e fertilizantes, serão reduzidos”, afirma o instituto de estatísticas, que é ligado à Federação da Agricultura do estado (Famato).

Atualmente, o valor nominal da saca (60 quilos) de milho em Mato Grosso não cobre os custos de produção da cultura. Em Sorriso, o preço está entre R$ 8,20 e R$ 9,40. Os gastos por saca são de R$ 13,20 no estado, ou seja, até R$ 5,60 além das cotações.

Alerta paranaenseNo Paraná, apesar de a situação ser menos crítica que a de Mato Grosso, também há tensão no campo. A Federação da Agricultura (Faep) informa que está pedindo socorro à Brasília para aliviar o quadro interno de excesso do produto, que também pressiona os preços. A entidade quer subsídio para a comercialização de 2 milhões de toneladas do produto.

“No Paraná, o preço recebido pelos produtores está em média entre R$16,50 e R$ 17,50 por saca de 60 kg, mas já há registros de negócios abaixo de R$ 16,00. O preço atual está abaixo do custo operacional de produção, calculado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de R$ 20,41 por saca, e abaixo do Preço Mínimo de Garantia, fixado em R$ 17,67 por saca, aliás, valor defasado que não reflete o custo de produção calculado pela Conab”, aponta o presidente do Sistema Faep, Ágide Meneguette.

A Faep pede que o Paraná seja incluído nos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), que foram direcionados ao Centro-Oeste, e que a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) garanta um valor mínimo baseado no custo de produção do estado.

Com as cotações em baixa, os produtores paranaenses planejam reduzir a área destinada à cultura já a partir desta safra de verão. A previsão da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) é de queda de 20% no plantio, para 699 mil hectares.

Excesso positivoAo mesmo tempo em que causa queda nos preços domésticos e pressiona a infraestrutura logística brasileira, o excesso de milho alivia os custos de produção da cadeia de carnes, porque o grão é um dos principais ingredientes da ração animal. "Apesar de a valorização do dólar frente ao real ter influenciado positivamente o preço de alguns insumos agropecuários, os custos de produção da pecuária leiteira praticamente não se alteraram no acumulado de janeiro a agosto de 2013. E a elevação nos preços do leite melhorou a situação dos pecuaristas, que puderam, depois de um longo período de prejuízo, recuperar as margens da atividade", lembra a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Estudo da entidade e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT) recuaram, respectivamente, 0,27% e 0,08% entre janeiro e agosto deste ano.

O levantamento mostra que a renda dos produtores de leite tem crescido desde o início do ano na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados pesquisados pelo Cepea. O aumento da demanda interna por lácteos, associada a uma baixa oferta, elevaram os preços do litro do leite que subiram, entre agosto de 2012 e agosto de 2013, acima de 20% em todas as regiões.

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