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Nueva Esperanza (Paraguai) - Soja com gosto de recompensa. Os agricultores que cultivam o leste do Paraguai – a maioria brasileiros – mal conseguem esconder a satisfação com a produtividade desta safra. Após décadas de trabalho e aposta na estabilidade político-econômica e social do país vizinho, superam os próprios recordes na lavoura. Mesmo quem está há 30 anos na região diz nunca ter visto plantações tão carregadas. Estimativas acima de 4 mil quilos de soja por hectare sustentam as previsões de que o país vai colher, pela primeira vez, mais de 7 milhões de toneladas da oleaginosa. Perto de 5,6 saem das lavouras dos ‘sojeiros’ brasileiros, os brasiguaios.

"Estamos numa riqueza para a agricultura aqui no Paraguai. Depois de 30 anos, tudo melhorou muito", afirma Jovino Presse, de Mbaracayú (Alto Paraná). Ele comprou terras de 23 paraguaios e brasiguaios para reunir 400 hectares, onde deve colher mais de 1,6 mil toneladas de soja.

As plantas que estão prontas para a colheita parecem varetas carregadas de grãos. Em Iguazu (Alto Paraná), o produtor Hermes Barazetti mantém dois caminhões por colheitadeira na lavoura. Na falta de trabalhadores, um único motorista trabalha com três caminhões – quando volta para a roça com o veículo vazio, já tem outro cheio esperando manobra. "É a primeira vez que (a lavoura) chegou a essa produção. As colheitadeiras andam dez minutos e têm que descarregar. Ficam cheias percorrendo cem metros a menos que no ano passado", comemora.

A produção de soja esperada pelo Paraguai equivale a 70% do volume colhido no Paraná. O país alcança produtividade média comparada à dos estados brasileiros mais tecnificados – 2,6 mil quilos por hectare. Esses são os números oficiais. Em campo, os produtores dizem que há mais grãos do que mostram as estatísticas. A Câmara Paraguaia de Exportadores de grãos espera 7,5 milhões de toneladas, 400 mil a mais que a previsão inicial.

Atrás das colheitadeiras, tratores puxam plantadeiras com sementes de soja e milho. Muitos brasiguaios e paraguaios conseguem produzir duas safras de soja, uma atrás da outra, quando a colheita sai cedo. Boa parte opta pelo cereal, que cobre 25% da área da soja de verão e vem ganhando espaço no mercado. O Paraguai exporta todo ano entre 1 e 2 milhões de toneladas de milho, a maior parte para o Brasil. Indústrias próximas à divisa, localizadas nos estados do Paraná e Santa Catarina, dependem da produção paraguaia, que chega à região a preços competitivos no inverno.

Ainda com poucas indústrias, o Paraguai destina soja e milho basicamente para exportação (70% e 60%, respectivamente). A maior parte do cereal fica no Brasil e a maior parte da soja (95%) segue rio abaixo até a Argentina. É despachada em Puerto Franco, ao lado de Foz do Iguaçu. O principal destino é a União Europeia.

Com o aumento da produção, o país quer ampliar as exportações via Paranaguá, praticamente interrompidas na última década. Os grãos paraguaios não deixaram de entrar no Paraná. "Toda safra, tenho cargas para Ponta Grossa, Carambeí e Lapa", conta o transportador Valdir Savaris, dono de três caminhões.

As empresas que investiram no Paraguai acreditando na expansão da produção estão ampliando negócios, conta o gerente da Lar Paraguay, Ovídio Zanquet. A empresa integra a cooperativa Lar, que tem sede em Medianeira, Oeste do Paraná. Chegou ao país vizinho 13 anos atrás comprando e vendendo grãos e insumos e hoje possui sete unidades de recebimento. Em San Alberto, as atividades desenvolvidas em instalações alugadas serão transferidas para um silo em construção, com investimento de US$ 3,5 milhões. "É um dos maiores do Paraguai", diz o mestre da obra, Gilberto Gauto.

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